Funcionários de carreira da Anatel com posto no governo são tachados de bolsonaristas

Jornal aponta Maximiliano Martinhão, que foi secretário de Dilma Rousseff, Wilson Wellisch e Nathália Lobo, como bolsonaristas e, por isso, alvo de "fritura" por aliados do atual governo Lula.

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A série de notícias que o jornal O Estado de S. Paulo tem feito a respeito de supostos desvios do ministro das comunicações Juscelino Filho apontou funcionários concursados, com longa carreira na Anatel, como “bolsonaristas”. Inclusive, gente que ocupou postos chave no governo petista de Dilma Rousseff.

Hoje, 3, o jornal afirma que Maximiliano Martinhão, Wilson Wellish, Nathália Lobo, entre outros funcionários públicos de carreira na agência de telecomunicações, passam por “fritura” por conta do vínculo com o governo anterior. Não cita, porém, que são técnicos com larga experiência na Anatel e amplo conhecimento técnico e regulatório do setor de telecomunicações e de radiodifusão.

Martinhão, por exemplo, entrou para a agência em 1998, logo após sua criação. Foi secretário de telecomunicações de 2011, no governo Dilma Rousseff, até junho de 2016, no de Michel Temer. Depois, foi Secretário de Informática do MCTIC (fusão do MCTI com o Minicom).

Participou ativamente do desenvolvimento do projeto petista de lançamento de um satélite nacional de comunicações, o SGDC. Integrou o conselho da Visiona, a empresa criada para receber a propriedade intelectual obtida com a compra do satélite. Também integra o conselho da Telebrás desde 2013. Foi, na gestão de Fábio Faria (Bolsonaro), Secretário de Radiodifusão, e agora voltou à Secretaria de Telecomunicações. Em suma, participou de cargos estratégicos em quatro governos (Dilma, Temer, Bolsonaro, e agora Lula III).

Wilson Wellisch, outro dos tachados de “bolsonaristas”, está na Anatel desde 2011. Não teve cargo nos governos Dilma ou Temer. No governo Bolsonaro, foi diretor de inclusão digital e secretário de radiodifusão. Agora, voltou à diretoria de projetos de infraestrutura de telecomunicações e banda larga do MCom, depois de ter ocupado postos de superintendente de fiscalização e de presidente substituto na Anatel.

Também de carreira, Nathália Lobo está na Anatel desde 2005. Chegou ao governo Bolsonaro em abril de 2019, como coordenadora de telecomunicações. Com a recriação do Ministério das Comunicações, assumiu a diretoria de políticas e acompanhamento regulatório por um ano. Depois, foi por 10 meses secretária de telecomunicações. Agora, é diretora de política setorial da secretaria de Telecomunicações.

Contexto

Há pressão de aliados descontentes com a presença do União Brasil no governo Lula, e a pasta das Comunicações é uma das ocupadas pelo partido de centro direita nascido da fusão entre o antigo Partido Social Liberal (PSL), pelo qual Jair Bolsonaro se elegeu presidente em 2018, e Democratas.

As reportagens indicam que Juscelino Filho, o ministro, foi usuário de recursos do “orçamento secreto”, prática dos deputados bolsonaristas para usar recursos do governo com emendas sem publicidade ou detalhamento. O dinheiro de uma das emendas de Filho foi utilizado para asfaltar estrada que leva a uma fazenda de sua propriedade.

Outra reportagem acusa o político de pegar carona em voo da FAB para cumprir agenda privada e receber diárias indevidas em hotel paulistano. Outra, ainda, aponta que o patrimônio do ministro informado ao TSE trouxe omissões, como a posse de cavalos de valores milionários. Filho foi eleito deputado pela primeira vez em 2016.

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Rafael Bucco

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