Para a Claro, fair share é questão social
O Fair Share – ou a remuneração justa – para os volumosos investimentos que precisam ser feitos nas redes digitais de telecomunicações não pode ser encarado apenas como uma disputa econômica entre as operadoras de telecomunicações, que fazem os investimentos, e as big techs, que usam essas redes sem pagar por isso. É, principalmente uma necessidade social, afirmou hoje, o vice-presidente de Assuntos Regulatórios da Claro, Oscar Petersen.
E é uma pauta social, argumenta, porque são as redes de telecomunicações aquelas que levam a infraestrutura da internet para todos os rincões do país e do mundo, para que todas as pessoas e empresas tenham acesso ao mundo digital e essa infraestrutura não pode apenas ser construída com os recursos de um único setor enquanto outro segmento apropria-se dessas redes.
” Há claramente uma transferência de valor, do setor de telecomunicação para as big techs. E hoje, o setor de telecomunicações é o de menor atratividade econômica. Existe a transferência de valor em função do vácuo de investimento em infraestrutura que precisa continuar crescendo, mas que atualmente está reduzindo a rentabilidade das empresas de telecomunicações”, afirmou Petersen em seminário promovido pela Universidade de Brasília (Unb)
Segundo ele, em apenas um ano (entre fevereiro de 22 e fevereiro de 23) somente as redes fixas e de celular da Claro registraram um incremento de 38% no tráfego de dados, incremento esse que precisa ser suprido por mais investimentos. ” Alguns alegam que as empresas de telecom deveriam subir os preços para arcar com esses investimentos, mas se fizerem isso, uma parte da população ficará sem conexão. E por isso esse debate do Fair Share tem o cunho social”, reforçou
Petersen lembrou que, desde a privatização, em 1998, as operadoras de telecomunicações já investiram mais de um Trilhão de reais no país, alocando cerca de R$ 40 bilhões ao ano, mas registrando ano após ano taxas de retorno de capital decrescentes.
PIB
Marcos Ferrari, presidente executivo da Conexis, entidade que representa as grandes operadoras de telecomunicações, lembrou também que se o setor de telecomunicações há 10 anos representava 5% do PIB brasileiro e hoje ele não passa de 3%. Isso porque, assinalou, as receitas das operadoras caíram. ” Isso significa que o Estado conta com menos oportunidades fiscais”, advertiu o executivo.