Ligga, dona da Sercomtel, tem interesse na relicitação das concessões
O Grupo Ligga, que detém a operadora de telefonia fixa da Sercomtel, recebeu com surpresa o valor de adaptação das concessões definido ontem, 5, pela Anatel.
Segundo a empresa, o valor estipulado de R$ 167,1 milhões apenas para a Sercomtel é muito superior que estimava internamente. Oi e Vivo também demonstraram insatisfação com os cálculos.
Por outro lado, a Ligga destaca que há interesse em eventual relicitação pela Anatel, caso as demais concessionárias desistam de adaptar seu regime e devolvam os ativos.
Segundo a Ligga, embora haja pouco interesse no serviço fixo entre pelas concessões, há valor nos dutos, postes e outros ativos. A empresa opera no Paraná e, no último leilão de espectro da Anatel, comprou frequências para cobrir também São Paulo e Norte do país.
Confira, abaixo, o posicionamento completo da empresa, assinado por Vítor Menezes, Diretor de relações institucionais da companhia.
O Grupo Ligga, que abrange também a Sercomtel, recebeu com certa surpresa os números apresentados pela Anatel. O valor indicado, no nosso caso R$ 167,1 milhões, está muito acima do que estimávamos internamente. Nossos cálculos apontavam que os custos para a adaptação teriam um montante muito inferior ao que foi identificado pelo Conselho Diretor.
No entanto, antes de tomar qualquer posição, é necessário avaliar melhor a decisão da Agência para entender a composição do cálculo, especialmente quanto ao impacto de cada fator (depreciação de bens imóveis, Fator X etc.) na definição do preço a ser pago e as premissas utilizadas na modelagem.
Agora, será fundamental o desenvolvimento de uma agenda com a Anatel para delimitar bem o uso desse valor. Está em aberto a Consulta Pública nº 38/2022, que pretende, entre outros, identificar projetos para aplicação dos recursos, o que será crucial para a decisão sobre a migração.
A concessão de telefonia fixa é um serviço em declínio e com extrema dificuldade de rentabilização por parte das empresas. A Anatel valorou a migração em mais de 22 bilhões de reais. Quem pagaria esse valor para explorar a telefonia fixa no Brasil?
Por outro lado, o desinteresse pela migração, gerado pelos elevados valores apresentados pela Anatel, pode abrir uma discussão interessante sobre um novo leilão de concessão. E isso nos interessa muito, em razão dos ativos (como postes e dutos, por exemplo) que estarão presentes na negociação. Mesmo com a baixa atratividade econômica direta, esse leilão pode gerar impactos significativos na dinâmica do setor.