No WRC-23, Brasil diz que pode rever o uso dos 6 GHz

Brasil pediu inserção de nota de rodapé que abre a possibilidade de repartição da faixa de 6 GHz entre o WiFi e as redes celulares no país. Medida é uma estratégia em busca de flexibilidade, diz presidente da Anatel.

WRC-23 Dubai UIT

A delegação do Brasil que participa da WRC-23, em Dubai (EAU), apresentou nesta sexta-feira, 8, documento que abre a possibilidade de o país rever sua posição a respeito da destinação dos 6 GHz. Segundo fontes ouvidas pelo Tele.Síntese, trata-se de um movimento estratégico para a ação do país nas negociações ao longo da próxima semana, a derradeira, e que vão resultar no texto final da conferência.

A data final para apresentação desse documento, e que garantiria voz ao Brasil nas deliberações sobre o assunto, era hoje, daí o protocolo.

A medida vem em linha com posições recentes defendidas pelo presidente da Anatel, Carlos Baigorri. Ele afirmou em diferentes ocasiões que a decisão brasileira sobre o destino da faixa de 6 GHz precisa ser aderente à perspectiva mundial, em função de ganhos de escala e para evitar isolamento tecnológico.

Procurado nesta sexta, ele confirmou a estratégia. “Estamos pedindo a inclusão dessa nota de rodapé para que tenhamos flexibilidade caso venhamos a decidir pela divisão da faixa. A grande maioria dos países em Dubai têm sinalizado uma preferência pela divisão da faixa. Se isso se confirmar, temos que ter flexibilidade para seguir o resto do mundo, e para isso precisamos desta nota de rodapé. Não quer dizer que tomamos a decisão, pois isso será feito em âmbito doméstico”, falou a este noticiário.

Contexto

Na WRC-23 deste ano está em pauta se a Região 1 (Europa, Oriente Médio e África) deve identificar toda a faixa dos 6 GHz para o WiFi ou garantir que metade da faixa vá para serviços móveis celulares. A delegação do país foi para o evento com a intenção de se abster nessa votação, a fim de não contaminar negociações de interesse local. Vale lembrar que, até aqui, o Brasil tem conseguido emplacar suas propostas: os candidatos brasileiros a cargos relevantes foram todos eleitos.

Por ora, a abstenção segue sendo a alternativa em vista. Mas o documento protocolado abre janela para que isso mude e a equipe traga na bagagem de Dubai a necessidade de revisar o regulamento de destinação faixa.

Vale lembrar que a Região 2, que reúne todos os país das Américas, não tem atribuição formal debatida na WRC, para o uso dos 6 GHz. Alguns países identificaram a faixa para o WiFi, como EUA, Brasil, Canadá, Peru, Argentina. O México tem interesse em repartir a faixa, e o Chile já o fez.

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Rafael Bucco

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