Mediatek e Android querem popularizar a IA generativa nos celulares

Empresas trabalham em modelo híbrido que divide o processamento da IA generativa entre o celular e a nuvem, facilitando a implementação em aparelhos mais baratos.

Samir Vani, diretor de desenvolvimento de negócios da MediaTek para a América Latina

A fabricante de chips Mediatek e os desenvolvedores do Android  estão trabalhando em parceria no aperfeiçoamento do processamento de inteligência artificial (IA) generativa nos smartphones – de qualquer categoria.

O resultado mais evidente desse trabalho conjunto é o chipset Dimensity 9400, lançado semana passada pela empresa de semicondutores, com um processador dedicado a IA. Voltado aos celulares mais caros, está previsto para equipar aparelhos de marcas como Vivo (fabricante chinesa sem relação com a operadora brasileira), Oppo, iQOO, Xiaomi, Samsung.

Mas isso não será assim por muito tempo, prevê o diretor de negócios da Mediatek para a América Latina, Samir Vani. Segundo ele, aos poucos serão lançados dispositivos com chipsets mais em conta e com capacidades mais restritas em GenIA. Modelos de 2023 que usam a geração anterior do processador, o Dimensity 9300, já tinham essa capacidade, e agora ficam mais baratos. Além disso, produtos de custo menor, com o Dimensity 8300, já foram lançados, inclusive no Brasil, como é o caso dos modelos Poco X6 Pro e Xiaomi 14T.

Vani lembrou que o aperfeiçoamento de imagens já não é exclusividade dos dispositivos mais caros. E citou outras possibilidades, como o resumo de conversas ao fim da chamada no futuro. “Hoje, um grande limitador é a quantidade de memória RAM, por isso trabalhamos na otimização do software”, enfatizou em conversa com jornalistas nesta quinta, 24, em São Paulo.

A seu ver, os smartphones vão ter embarcados dentro de si bibliotecas de linguagem (LLMs). Dessa forma, quando usarem chipset Mediatek, terão condições de processar IA generativa sem depender totalmente de conectividade.

Mas, observa, ainda será necessária a conexão com a internet. Isso porque um aparelho com 8 GB de memória RAM pode lidar com 13 bilhões de parâmetros – uma fração do que a inteligência artificial generativa utiliza para entregar respostas mais elaboradas ou processar tarefas sofisticadas, como gerar som e vídeo.

Apesar de ser uma fração, já dá para trazer para o dispositivo algumas tarefas simples. Com isso em vista, o Android também trabalha em formas de segmentar a GenIA de acordo com o poder dos dispositivos e com o objetivo de não deixar nenhum usuário de fora.

Conforme explicou Marcelo Ferrante, head de parcerias do Android no Brasil, quanto menos sofisticado o celular, mais uso ele pode fazer de uma solução híbrida, em que a maior parte da demanda da GenIA é processada na nuvem, e não no device.

Por ora, disse, a equipe do sistema operacional não trabalha em nenhum modelo de monetização do Gemini, que pode ser acessado por aplicativo gratuito (pago em versão corporativa) por qualquer usuário com smartphone munido do Android 12 (de 2021) ou superior. Não cobrar é uma das estratégias para popularizar a tecnologia. “Não temos objetivo de monetizar, e acredito que mesmo a versão paga para empresas seja capaz de compensar seus custos”, admitiu Ferrante.

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Rafael Bucco

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