Valor total do mercado de provedores regionais pode superar R$ 20 bilhões
Para Rodrigo Leite, da Advisia, há uma forte tendência do movimento de consolidação começar pelos grandes fundos de investimentos
Não deve demorar muito para ter início o processo de consolidação no mercado brasileiro de provedores regionais de Internet, em um sistema semelhante ao que aconteceu na década de 80 na área de TV a cabo nos Estados Unidos. A avaliação é do sócio-diretor da Advisia OC&C, Rodrigo Leite. Acompanhando esse segmento de perto há alguns anos, tanto do ponto de vista das operadoras quanto dos investidores, o executivo concluiu que os primeiros passos serão dados por fundos de investimentos de grande porte, muito mais que por operadoras e companhias com perfil de consolidadoras.
O potencial de mercado dessas empresas é “avassalador” quando comparado ao ritmo bem menor de expansão das grandes operadoras de telecom na oferta de banda larga, disse Leite. “Nos últimos anos o crescimento das grandes operadoras reduziu para algo como 3 % enquanto o de provedores regionais se manteve 25 % ao ano e em 2017 alcançou 38%”, ressaltou.
Para Leite, em pouco tempo esse mercado deverá atingir uma cobertura total de fibra óptica, o que deverá valorizar ainda mais os ativos. E o custo de investimento para aquisição de novos assinantes é praticamente zero e em alguns casos chega a ser até negativo. “Fazendo uma conta rápida entre esse custo, o número de assinantes e o EBITDA dessas companhias eu diria que os provedores no país atingiriam um valor somado entre todos de algo entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões”, comentou.
A comparação com o processo de consolidação de TV a cabo dos Estados Unidos não foi por acaso. “Em determinado momento eram cerca de 4000 mil empresas que cresceram sem muita competição e formaram uma infraestrutura importante”, disse. A diferença é que no Brasil há, atualmente, cinco grandes operadoras com uma grande fatia do mercado, o que não existia nessa época naquele país.
Na sua avaliação, investimentos em inovação, como rede de IoT, pode não valorizar tanto o negócio como esperado. “É bom para quem quer inovar, mas não se reflete necessariamente em mais valor para a transação. Talvez seja melhor criar uma outra empresa pra isso”, ponderou.
A opção mais lógica para essa consolidação seria a de um movimento inicial feito pelas próprias telcos, que ganhariam em escala e infraestrutura. “Essa infraestrutura seria importante principalmente na expansão da 5 G”, afirmou o executivo. Mas, na sua opinião essas empresas estão pressionadas para aumentarem investimentos em outras áreas que não a aquisição de provedores menores.
O radar, por sua vez, está ligado nos fundos de investimento em infraestrutura, como já aconteceu em vários países europeus. Mas segundo o executivo eles ainda não estão convencidos a operarem no varejo. Já entre os fundos de investimentos de mais alto valor, o sinal parece totalmente aberto. “Pelo menos 10% dos fundos desse porte que tenho conversado confessam o interesse em negociar nesse mercado”, ressaltou.
“Os investidores do mercado financeiro estão de olhos em vocês”, disse o sócio da Advisia a uma plateia de cerca de 150 provedores durante o Encontro Provedores Regionais realizado em Ribeirão Preto.