O que seria da sociedade do isolamento sem as redes de telecom?

As redes de telecom estão ainda mais necessárias nessa sociedade, possibilitando que avós vejam seus netos, que amigos se divirtam nas nuvens. As operadoras, sem qualquer nova receita, com suas 4 mil lojas fechadas, temem a pressão sobre os serviços já prestados. A negociação do Fistel pode ser um caminho.

Os efeitos sociais e econômicos da pandemia do Covid-19, vivenciamos todos os dias, em nosso isolamento social. Somos informados que muito ainda está por vir. Iremos dividir nosso isolamento entre dias de muita dor, ao recolhermos nossos mortos,  e momentos de admiração, ao  assistirmos aos atos heroicos dos profissionais de saúde e dos solidários anônimos.

Mas essa sociedade do isolamento que está sendo moldada  por esse novo e até pouco tempo desconhecido vírus,  devastador em sua proliferação, está conseguindo se organizar também com  o apoio incondicional das redes de dados, com a sustentação da infraestrutura de telecomunicações.

São essas redes que permitem que  avós não fiquem sem ver seus netos, que amigos se visitem pela nuvem, que o confinamento não vire um tédio de alma. São as redes de telecom que estão interligando os governos,  transmitindo ao vivo e em cores videoconferências, conference call, chamadas individuais e em grupo e que possibilitam que decisões contra essa pandemia sejam tomadas, anunciadas e implementadas.

E se essas redes não aguentarem?

Essa hipótese é inaceitável para qualquer um de nós.

Mas essas redes foram e são construídas também  no Brasil por grandes e pequenas empresas que igualmente precisam de medidas emergenciais para continuar a cumprir  o seu papel:  manter a comunicação entre as pessoas.

Para preservar esse serviço, essencial, precisam ainda ter inúmeras precauções com seus empregados e técnicos, e cuidar para que uma antena não se desloque, que um cabo não se rompa. Árdua tarefa em muitas localidades brasileiras, que não estão autorizando a locomoção desses técnicos tão imprescindíveis.

Pressão

As operadoras de telecomunicações são também as maiores redes varejistas do país. As grandes operadoras têm cerca de quatro mil lojas, juntas. As pequenas, estão presentes em cidades que não têm sequer agências bancárias.  E, todas fechadas…. Não há venda de chip, de aparelho celular, de banda larga,  de TV, de plano promocional.

Essas lojas devem ficar fechadas? Sim, fazem parte  do compromisso ao isolamento.

E aumenta a pressão – do Ministério Público, do Legislativo Federal e dos Legislativos estaduais para que a inadimplência seja suportada, sem perda de sinal, por até três meses por essas empresas. O que preocupa bastante as operadoras – grandes e pequenas que já não têm receitas novas, imagina ficar sem os créditos esperados, por serviços já prestados.

A proposta do diferimento do Fistel – de quase R$ 4 bilhões para os cofres públicos – por parte das operadoras pode ser um caminho melhor para a construção de  uma proposta que preserve essas redes, as únicas que conseguem nos ajudar a mitigar a nova sociedade do isolamento.

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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