Nokia tem queda de 37% no lucro no 2º trimestre, mas ainda espera crescer com 5G

Receita da companhia finlandesa encolheu 3% no período de abril a junho, na comparação anual, em razão de condições macroeconômicas adversas; expectativa de melhora fica para o quarto trimestre
Lucro da Nokia diminui 37% no 2º trimestre de 2023
Campus da Nokia em Espoo, Finlândia; lucro encolheu no 2º trimestre (crédito: Divulgação/Nokia)

A Nokia divulgou, nesta quinta-feira, 20, os resultados financeiros do segundo trimestre deste ano. A companhia finlandesa obteve lucro líquido de 289 milhões de euros (aproximadamente R$ 1,54 bilhão), queda de 37% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o ganho foi de 460 milhões de euros (R$ 2,46 bilhões).

Segundo a fabricante de equipamentos de telecomunicações, o resultado foi impactado pela alienação de negócios e por mudanças no passivo financeiro para adquirir uma participação minoritária na Nokia Shanghai-Bell, além da elevação do imposto de renda.

A receita líquida encolheu 3%, caindo de 5,87 bilhões de euros (R$ 31,39 bilhões), no segundo trimestre de 2022, para 5,71 bilhões (R$ 30,53 bilhões), no intervalo de abril a junho deste ano. No entanto, em moedas constantes, o faturamento ficou estável.

O balanço mostra que as divisões de Infraestrutura de Rede (-8%) e Serviços de Nuvem e Rede (-1%) amargaram resultados negativos no segundo trimestre. Por outro lado, Redes Móveis (1%), a maior em termos de faturamento, e a unidade Nokia Technologies (10%) cresceram no período.

“Em Redes Móveis, ainda há uma necessidade substancial de as operadoras investirem em 5G globalmente, com apenas aproximadamente 25% das possíveis estações base 5G de banda média até agora implantadas fora da China”, avalia Pekka Lundmark, presidente e CEO da Nokia, em trecho do documento financeiro.

O executivo também aponta, como estratégias para reequilibrar o portfólio, a celebração de um novo contrato de licença de patente com Apple e uma parceria com a Red Hat para infraestrutura de nuvem como destaques do segundo trimestre.

Cenário adverso

Geograficamente, a receita encolheu em quase todos os territórios em que a empresa atua. A queda mais acentuada foi na América do Norte (-42%), seguida por China (-18%), América Latina (16%), Ásia-Pacífico (-8%) e Oriente Médio e África (-1%).

Pelo lado positivo, o faturamento avançou 11% na Europa, puxado pelos serviços da Nokia Technologies, e 333% na Índia, na esteira das implantações de redes 5G. Vale destacar que a Índia se tornou o terceiro maior mercado da companhia finlandesa em termos de receita, atrás somente de Europa e América do Norte.

Além disso, de acordo com o informe financeiro, o lucro operacional, na comparação com o mesmo período do ano passado, caiu 16%, ficando em 474 milhões de euros (R$ 2,53 bilhões). A margem, por sua vez, foi de 8,3%, baixa de 1,3 ponto percentual (p.p.) ante a registrada no mesmo intervalo de 2022 (9,6%).

A Nokia também informou que os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) somaram 1,04 bilhão de euros (R$ 5,56 bilhões), queda anual de 4%.

Lundmark salienta que os desafios macroeconômicos previstos no início do ano começaram a impactar, de forma mais contundente, os gastos dos clientes no segundo trimestre.

“No segundo semestre, esperamos que essas tendências continuem a impactar nossos negócios, o que significa que agora vemos vendas líquidas no segundo semestre amplamente semelhantes às do primeiro semestre, tanto em Infraestrutura de Rede quanto em Redes Móveis”, sinaliza o executivo, acrescentando que melhorias podem ser vistas no quatro trimestre deste ano.

Na semana passada, a Nokia reduziu as projeções de receita e da margem operacional para este ano, antevendo uma demanda mais fraca na segunda metade de 2023.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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