Monetização do 5G não pode ser capturada por OTTs, defende CEO da Ericsson
Na era do 5G, a indústria de telecomunicações precisa encontrar novas formas de rentabilizar a rede e, ao mesmo tempo, impedir que plataformas de OTTs (Over the top) abocanhem a maior parte das receitas, conclamou Börje Ekholm, CEO e presidente da Ericsson, nesta segunda-feira, 27, durante apresentação no Mobile World Congress (MWC), em Barcelona, na Espanha.
O executivo ressaltou que as empresas que atuam no setor de telecomunicações têm a responsabilidade de viabilizar a próxima década digital diante da perspectiva de que o tráfego de dados móveis aumente em quatro vezes até 2028. No entanto, isso só será possível se operadoras e fornecedores encontraram novas formas de monetizar a rede de quinta geração móvel.
“O 4G, na realidade, criou a economia do aplicativo e digitalizou o consumidor, mas a monetização foi capturada pelas OTTs. Não podemos repetir isso”, asseverou. “A nossa indústria precisa abraçar novas formas para monetizar a rede”, acrescentou.
Segundo Ekholm, a abertura das redes de telecomunicações a desenvolvedores, por meio da iniciativa Open Gateway, anunciada na abertura da edição de 2023 do MWC, trata-se de uma oportunidade que o setor não pode desperdiçar.
“Dar a desenvolvedores de aplicativos e empresas acesso a capacidades únicas que só a rede pode providenciar, por meio de APIs, vai permitir a criação de novas e poderosas formas de uso, mas também novos modelos de preço e formas de cobrar pelo uso da rede”, pontuou.
Ainda no que diz respeito ao 5G, o CEO da Ericsson disse que, além da conectividade, a velocidade, a baixa latência, a localização e o fatiamento da rede são capacidades que precisam ser disponibilizadas globalmente. “Em outras palavras, precisam ser expostas, consumidas e cobradas usando APIs”, sinalizou.
Ekholm, além disso, se mostrou otimista com o Open Gateway, porque, em sua avaliação, sem padronizar e abrir as redes de telecomunicações, “não há como a nossa indústria monetizar essa oportunidade se os desenvolvedores têm de contratar individualmente cada operadora ao redor do mundo”.
Também nesta segunda-feira, a Ericsson anunciou, em parceria com as operadoras europeias Orange, Vodafone e Telefónica, um protótipo de API que deve impulsionar funcionalidades avançadas em 5G.