Efeito Índia abala resultados da Nokia
A Nokia divulgou nesta quinta-feira, 18, queda de 18% nas receitas do segundo trimestre, em relação ao mesmo período de 2023. Assim como aconteceu com a Ericsson, o resultado sofreu impacto do efeito Índia.
As operadoras do país asiático compraram muito equipamento de rede no ano passado, mas depois pisaram no freio. Dessa forma, a comparação entre os trimestres acabou desequilibrada, pois o período do ano anterior foi positivamente inflado por vendas não recorrentes, explicou o CEO da fabricante, Pekka Lundmark.
“Há um ano vimos o pico da implantação acelerada do 5G na Índia, e queda nos três trimestres seguintes”, observou. A retração só não foi maior, disse no relatório, porque a Nokia recebeu € 150 milhões pelo fim do contrato com a AT&T nos EUA.
No cômputo final, a fabricante apresentou prejuízo de € 142 milhões. Ainda assim, Lundmark diz que o cenário não é negativo como parece. A empresa ampliou o “backlog”, ou seja, a quantidade de pedidos que entregará e serão pagos nos próximos trimestres. Isso deve levar à melhora da geração de receitas ao longo do ano.
Ele também afirma que os cortes de gastos realizados nos últimos anos foram estratégicos e permitiram que, mesmo diante desse cenário de vendas mais fracas, foi possível registrar um fluxo de caixa livre de € 394 milhões.
Lundmark também diz que a empresa fechou um contrato de licenciamento de suas tecnologias de streaming de vídeo com uma plataforma digital, e aposta nisso para novas receitas. “Este pode ser o passo inicial para o que pode se tornar uma oportunidade relevante para a Nokia no futuro”, afirmou.
O executivo também comentou um pouco mais da intenção de comprar a Infinera, fabricante de sistemas ópticos para redes de transporte de longo alcance. Segundo ele, a aquisição, que se autorizada acontecerá com pagamento de até 30% em ações, trazendo um novo sócio ao grupo, vai ampliar o mercado na América do Norte no segmento óptico.
Números
A Nokia encerrou o segundo trimestre com receitas líquidas de € 4,46 bilhões, queda de 18% na comparação ano a ano. Gastou 10% mais em pesquisa e desenvolvimento (€ 1,3 bilhão). Teve lucro operacional de € 432 milhões, mas as perdas com negócios descontinuados chegaram a € 512 milhões. Assim, o prejuízo líquido foi de € 142 milhões.
Para 2024 como um todo, a empresa emitiu projeção lucro operacional entre € 2,3 e € 2,9 bilhões. A unidade de infraestrutura de rede fixa pode encolher 2% ou crescer até 3%, estima. Já a área de redes móveis vai encolher entre 19% e 14%. E a unidade nuvem e serviços deve encolher 5% ou, no melhor cenário, terminar o ano estável.