Coalizão Direitos da Rede cobra aplicação do Fust em telecom

Recursos do fundo deveriam ser usados para levar infraestrutura onde não há, reduzindo diferenças regionais, afirma o grupo, que critica proposta feita pelo governo nesta semana de usar o dinheiro para abater a dívida pública

A Coalizão Direitos na Rede soltou hoje, 7, nota criticando a proposta do governo enviada ao Congresso de usar fundos setoriais, entre os quais o Fust, para abater a dívida da União. O grupo, que reúne duas dezenas de organizações da sociedade civil, ativistas e acadêmicos em defesa de uma internet livre e aberta no Brasil, ressalta que ainda há muito investimento a ser feito em telecomunicações no Brasil para levar conectividade a quem não tem, e que isso depende de políticas públicas financiadas pelos fundos setoriais.

“De acordo com o último relatório TIC Domicílios 2018 do CGI.br, temos ainda não atendidas com banda larga cerca de 24 milhões de residências, correspondentes a 33% de seu total, e ainda desigualdades de atendimento regionais agravadas por uma competição em banda larga ainda não estabelecida na grande maioria de nossos municípios”, ressalta a Coalizão.

Sem o Fust haveria risco para políticas públicas de inclusão digital ou de conexão de cidades hoje não atendidas com infraestrutura adequada de telecomunicações, afirma o grupo. Lembra também que o Plano Estrutural de Redes de Telecomunicações (PERT), da Anatel, aponta o fundo como uma das fontes de recursos para pagar a chegada da infraestrutura de transporte de dados a cidades hoje sem fibra óptica.

“Para além de onde o mercado se dispõe a atender, políticas públicas, com os devidos recursos alocados, são alicerces para o desenvolvimento estruturado e sustentável em áreas com atendimento precário. Estima-se que este fundo setorial possa ser de grande utilização pelos milhares de provedores de acesso à internet que atualmente representam parcela significativa dos acessos à banda larga”, acrescenta a rede de ativistas.

Por fim, a Coalizão lembra que a discussão em torno do uso do Fust para a sua finalidade é antiga. E diz ampliar a infraestrutura de telecomunicações com o objetivo de reduzir as diferenças de atendimento regionais, através de uma gestão pluriparticipativa, deveria ser o destino do dinheiro ali parado. “Não apoiamos nem o contingenciamento, nem a extinção do Fust”, conclui.

Segundo dados da Anatel, há atualmente no Fust R$ 21,7 bilhões. O fundo começou a ser alimentado em 2001, e quase nada foi usado desde então. O saldo retido, contingenciado por todos os governos desde então, faz parte das contas de formação de superávit primário, para os quais há metas anuais definidas pela União.

Avatar photo

Rafael Bucco

Artigos: 4468