Banco Central alerta para o apetite ao risco pelos bancos

O alerta vai para o endividamento e o comprometimento de renda das famílias que têm aumentado e que pode elevar o risco do crédito.
Banco Central alerta para o apetite ao risco pelos bancos - Crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O Banco Central alertou, nesta quinta-feira, 8, ao divulgar a ata da última reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), realizada em 1º de setembro, que o apetite ao risco das instituições financeiras segue aumentando, sobretudo em algumas modalidades de crédito para famílias em linhas de maior risco e de maior retorno. O comitê pontua, no entanto, que a tendência de aumento da inadimplência ainda está dentro de padrões históricos.

“As operações com cartão de crédito e de crédito não consignado crescem em ritmo elevado. Os ativos problemáticos nessas modalidades têm se elevado, mas ainda dentro dos padrões históricos. O Comef avalia que é importante que os intermediários financeiros continuem preservando a qualidade das concessões”, ressalta a ata.

Segundo o Comef, o crescimento do crédito amplo continua condizente com os atuais fundamentos econômicos. “O crédito para pessoas físicas permanece avançando de forma mais acelerada em operações de maior risco e retorno e em operações ligadas a transações de pagamento. O crédito às micro, pequenas e médias empresas manteve o ritmo de crescimento. As empresas de maior porte, por sua vez, continuam acessando principalmente o mercado de capitais, mas também incrementaram operações com o sistema bancário recentemente”, afirma.

Empresas e famílias

De acordo com a ata do Comef, a materialização do risco de crédito para empresas permaneceu estável, exceto para microempresas. O percentual de ativos problemáticos relacionados a esse grupo começou a aumentar, mesmo com a grande expansão da carteira de crédito. Já no caso das famílias, o aumento de ativos problemáticos tem superado o crescimento da carteira de crédito. “Essa tendência deverá permanecer com o crescimento do crédito em modalidades mais arriscadas”, alerta.

De acordo com o documento, informações disponíveis indicam que os preços dos ativos têm se comportado em linha com os fundamentos econômicos. “O Comef segue recomendando que as instituições financeiras mantenham a prudência na política de gestão de crédito e de capital”.

O comitê avalia que a política macroprudencial neutra segue adequada ao atual momento, caracterizado pela ausência de acúmulo significativo de riscos financeiros. “Considerando as expectativas do Comef sobre o crescimento do crédito, não há necessidade de ajustes na política macroprudencial no curto prazo”, disse a ata.

O que é o Comef

O Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) é um órgão recente, surgiu em 2017, com a função de promover condutas para a estabilidade financeira. Dessa forma, garante que o BC seja uma instituição segura e que não leve o país a uma crise financeira.

As reuniões do conselho ocorrem a cada três meses, mas se for preciso pode haver datas extraordinárias. Nestas ocasiões, são alinhadas estratégias de controle para que não ocorra qualquer problema no Sistema Financeiro Nacional.

Avatar photo

Redação DMI

Artigos: 1770