Após pane das Americanas, Fitch prevê melhora do cenário para investimentos em empresas Brasileiras

Passado risco de contágio da quebra da empresa de varejo, redução dos juros e queda da inflação são notícias positivas para empresas locais rolarem dívida e atraírem investidores, diz Fitch.


(crédito: Freepik)

A empresa de análise de risco Fitch Rating divulgou comunicado hoje, 29, no qual diz que o mercado brasileiro está mais propício a receber investimentos, agora que o contágio da derrocada das Americanas no varejo parece superado e o cenário macroeconômica melhora.

Ressalta que a redução da taxa de juros, da dívida junto aos países vizinhos e a inflação controlada devem resultar em uma recuperação das empresas brasileiras, o que significa redução do risco de refinanciamentos.

“Esperamos queda no ritmo de ‘downgrades’ na segunda metade deste ano, que até o momento contabiliza 25 downgrades. Em 2021-2022, para comparar, foram 18 downgrades no total”, diz.

Além do contágio das Americanas, varejista que entrou em recuperação judicial, o excesso de downgrades da primeira metade do ano refletiu a alta dos juros ocorrida nos últimos dois anos.

Em alguns setores, a Fitch ainda recomenda cautela, por entender que seguem instáveis, como aço, cimento, energia industrial, varejo e automobilístico. “No entanto, o progresso da reforma fiscal, o início de um ciclo de queda de juros e a queda significativa da inflação devem resultar em condições melhores para os negócios pelos próximos trimestres”, diz.

Segundo a empresa, a tendência é de aumento de demanda, o que pode resultar em aumento de margens para as empresas em 2024. Neste ano, a Fitch elevou a nota de crédito soberano do Brasil para “BB” em razão de um ambiente macroeconômico e fiscal melhorados.

O entendimento da Fitch é de que os elevados juros dos últimos anos resultaram em queda da atividade econômica, aumento da criminalidade e, nas empresas, do consumo de caixa. Com isso, ficou caro para as empresas rolarem dívidas. O resultado foi um tombo de 42% nas emissões de dívida, que somaram R$ 139 bilhões.

As estimativas do Banco Central são de terminar este ano com juros (taxa Selic) em 12,25% e em 9% ao fim de 2024. A Fitch diz que o risco de aportar em empresas brasileiras é moderado e que o volume de títulos que vencem em 2024 é baixo. Ressalta que a maior parte do mercado de dívida local é baseada em títulos bem qualificados AAA(bra) ou AA(bra).

O endividamento corporativo vincendo no Brasil somará R$ 425 bilhões em 2024 e R$ 190 bilhões em 2025. Em dólar, o volume é muito menor: serão US$ 2,8 bilhões, a maior parte disso emitida por empresas com geração de caixa em dólar e com acesso já comprovado a diferentes linhas de crédito.

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Rafael Bucco

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