Abrint pede políticas públicas para avançar em conectividade significativa

Associação quer que governo e Anatel elaborem projetos de expansão da conectividade com foco nos pequenos prestadores de banda larga, além de facilitar o acesso a financiamentos
Abrint quer projetos de conectividade significativa para PPPs
Abrint defende que os projetos de conectividade significativa sejam desenhados pensando nas PPPs (crédito: Abrint/Divulgação)

A Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) pediu que o governo e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) desenhem políticas públicas para que os pequenos prestadores de banda larga possam contribuir com a pauta de conectividade significativa no País. Para a entidade, aumentar a qualidade da internet e levar conexão para localidades desassistidas é um desejo dos provedores, mas isso demanda um trabalho conjunto entre os setores público e privado.

“Não podemos caminhar sozinhos. Precisamos da criação de políticas públicas para ascender em conectividade significativa”, frisou Aristóteles Dantas, diretor Financeiro da associação, durante painel sobre o assunto no Encontro Nacional Abrint 2024, em São Paulo, nesta sexta-feira, 14.

Dantas afirmou que, para que o país avance nos quesitos de conectividade significativa, os provedores de serviços de internet (ISPs) precisam ter acesso a recursos financeiros. Além disso, solicitou que os projetos para expandir a conectividade pelo território brasileiro sejam costurados “a quatro mãos”.

“A Abrint vem capitaneando isso, com educação e networking, para que os provedores possam ampliar o acesso, mas isso custa muito caro. Reitero a necessidade de que as políticas públicas possam ser estendidas aos pequenos, porque elas não são fáceis de serem alcançadas”, assinalou.

Liza Fernanda Agra, assessora técnica na Secretaria de Telecomunicações, do Ministério das Comunicações (MCom), ressaltou que a pasta tem trabalhado ao lado do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para facilitar o acesso dos pequenos provedores ao mercado de crédito.

“Estamos atentos às demandas dos provedores regionais. Para eles, pensamos que uma saída são os recursos do Fust [Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações], e estamos tentando viabilizar uma mobilidade com o BID”, disse Liza.

Nesse debate, a Anatel indicou que ainda há localidades que podem ser conectadas com backhaul de fibra óptica. Cristiana Camarate, conselheira substituta da agência, citou que a instalação de 4 km de fibra em Posto da Mata, distrito do município baiano de Nova Viçosa, tem a capacidade de atingir 20 mil pessoas.

“Hoje, temos 11 mil localidades que precisam de backhaul, 4 milhões de pessoas estão esperando. Ainda temos 170 mil km de fibra para implantar”, salientou. “Há interesse econômico e social a ser atingido. Acredito que, com um redesenho da conectividade significativa com os pequenos provedores, é possível atingir essas localidades”, acrescentou.

Ainda sobre a ampliação das redes, Cristiana ponderou que parte do País terá de ser conectada por satélite. Ela também pediu que os ISPs avaliem participar de iniciativas de redes comunitárias.

Mais banda para o WiFi

Na avaliação de Aníbal Diniz, sócio da AD Advisors, quando se trata de expandir as redes e aumentar a qualidade do uso da internet, não se pode abdicar de nenhuma tecnologia de conexão (móvel, fixa e satelital). No entanto, o especialista asseverou que as redes fixas são as que mais suportam o tráfego de dados, sendo o “carro-chefe da conectividade significativa no Brasil”.

Com base nesse avaliação, Diniz encorpou o coro dos pequenos provedores pela manutenção da destinação integral da banda de 6 GHz para os serviços não licenciados, sendo o WiFi o principal deles.

“A banda larga fixa precisa de um componente essencial, que é o WiFi. Sem isso, perde competitividade. E quando se trata de WiFi, a responsabilidade é toda da Anatel. Precisamos convencer a agência de que a experiência da banda de 6 GHz precisa ser mantida”, reivindicou.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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