Abert insiste em conversor mais simples para o switch-off

Zerbone, da Anatel e do Gired, diz que modelo de conversor ainda não está para cidades a partir de São Paulo, que realiza o desligamento no começo de 2017.

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) ainda trabalha para convencer o Gired, grupo responsável pelo desligamento da TV analógica no Brasil, a distribuir um conversor mais simples para a população de baixa renda beneficiária de programas sociais, inscritas no Bolsa Família e no CadÚnico.

“Brasília é um desafio muito maior que Rio Verde. Tem 20 vezes mais população e o pior Índice de Gini do país. Não temos que ficar com devaneios de ter um conversor que faz coisas miraculosas. O conversor de Rio Verde é super turbinado. Não precisamos disso”, afirmou Luis Roberto Antonik, diretor geral da Abert, dando como exemplo a próxima região a sofrer o apagão, o Distrito Federal. Ali, já será distribuído o zapper, aparelho sem interatividade do Ginga C.

O desligamento da TV analógica em Rio Verde aconteceu em 15 de fevereiro. Pelas pesquisas mais recentes, 6% da população ficou sem TV, o restante capta sinais digitais com aparelhos que comprou, já tinha, ou que lhes foram entregues pelo governo – no caso de beneficiário do Bolsa Família e do Cadastro Único. A Abert diz que a migração levou a perda de 1% a 2% de audiência apenas.

O conselheiro da Anatel, Rodrigo Zerbone, que preside o Gired, admite que ainda acontecem as discussões para se definir um único conversor a ser distribuído pela EAD. Mas qualquer definição só terá efeito a partir de São Paulo, cidade que vai realizar o switch-off em março de 2017. EAD é a empresa formada por radiodifusores e operadoras de telecomunicações para administrar os investimentos necessários para a transição do sistema de TV no Brasil.

Satélite no switch-off?
Ele descarta, ainda, um uso massivo do satélite para acelerar o desligamento no país. Diz que, ao contrário de outros países, no Brasil a TV aberta tem muita importância devido à produção local de conteúdo, do qual a população não abre mão. “A gente tem a importância da programação local, que o satélite não traz. Ele complementa muito bem, na margem, se tivermos problemas de cobertura. Mas não substitui a infraestrutura principal”, afirma.

Segundo Zerbone, um dos temores em Rio Verde era de que muitas pessoas migrassem para a TV por satélite em vez de comprar um conversor, o que não aconteceu. “A necessidade de satélite acontece em 1% ou 2% dos casos, o que, em um processo desse tamanho, é irrelevante”, disse. Zerbone e Antonik participaram de painel em evento realizado pela Fiesp na manhã de hoje, 18, em São Paulo.

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Rafael Bucco

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