Nextel depende de fusão com AMX e diz que não tem dinheiro para funcionar em 2020

A controladora da Nextel Brasil divulgou o balanço financeiro do 2º tri, no qual registrou novo prejuízo. E alertou: se venda dos ativos para a América Móvil não se concretizar, operação será inviável a partir do segundo trimestre do próximo ano.

 

A Nextel Brasil voltou a apresentar perdas no segundo trimestre deste ano, embora muito menores que as registradas no mesmo período de 2018. A operadora teve prejuízo líquido de US$ 12,15 milhões, ante o resultado negativo US$ 95,4 milhões ano passado.

A empresa gerou US$ 12 milhões de lucro operacional antes de depreciações e amortizações (OIBDA ajustado) e terminou o período com US$ 65 milhões em caixa. A companhia investiu (Capex) US$ 13 milhões e precisou receber novos aportes de seus acionistas, que somaram US$ 18 milhões.

“Reduzimos nossa queima de caixa a US$ 22 milhões no trimestre, enquanto focamos o aumento da liquidez à espera da conclusão da venda da Nextel Brasil”, afirmou Dan Freiman, CFO da NII Holdings, a controladora da tele brasileira.

Ao final do trimestre, a Nextel tinha 3,5 milhões de usuários, um aumento de 12,2% em relação ao mesmo período de 2018. O aumento da receita não se deu na mesma proporção, porém, uma vez que a receita média por usuário (ARPU), caiu de R$ 55 para R$ 53 na comparação ano a ano. As receitas operacionais foram de US$ 144,8 milhões.

Risco de falência

Na divulgação dos resultados, apresentados hoje, 6, ao mercado, a NII Holdings, controladora da Nextel Brasil, reiterou a previsão da América Móvil, de que a conclusão da venda para a Claro se dará até o final de dezembro. O negócio ainda precisa do aval do Cade e da Anatel.

A controladora admite, no entanto, a possibilidade de fechamento em 2020. Neste caso, a empresa tem fundos para operar até o primeiro trimestre. “Caso a venda pendente da Nextel Brasil seja postergada além do primeiro trimestre de 2020, teremos de alterar nosso plano de negócio para reduzir gastos drasticamente ou buscar novos financiamentos”, diz a NII no balanço financeiro.

E avisa: “Se por algum acaso o negócio não seja efetuado e não consigamos recuperar o dinheiro depositado na conta garantia até o final do primeiro trimestre de 2020, há dúvidas substanciais sobre nossa capacidade de continuar operando”.

A empresa tem US$ 1,5 bilhão de endividamento, dos quais US$ 377 milhões são despesas imediadas. A dívida de longo prazo soma outros US$ 553 milhões. E há ainda compromissos de longo prazo, como aluguel de torres e contratos com outras operadoras, que somados passam dos US$ 570 milhões. Em ativos, a NII possui US$ 1,2 bilhões. A AMX aceitou pagar US$ 905 milhões para ter a Nextel Brasil.

No balanço, a NII avisa também que fechou um acordo com o grupo nórdico AI Brazil Holdings (dono de 27,66% da Nextel Brasil). Pelo acordo, a NII aceitou destinar os primeiros US$ 10 milhões de uma conta garantia existente no México, criada em função da venda da Nextel México para o pagamento de impostos devidos naquele país. Além disso, pagará outros 6% do valor obtido desta conta, quando, e caso, ela venha a ser recuperada. A holding também se comprometeu a indenizar a AI por danos eventuais relativos ao pagamento de impostos, despesas de transação e litigação que possam surgir da venda da Nextel Brasil.

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Rafael Bucco

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