Viasat aposta em satélite geoestacionário para ganhar mercado

Representante da empresa vê riscos de interferência das constelações de baixa órbita nos demais serviços e pede atenção da Anatel

A Viasat tem um projeto de construção de sistemas com satélites baixa órbita. Mas o objetivo da empresa é derrubar o custo do gigabit por segundo de satélites geoestacionários e, dessa forma, atrair mais clientes para seus planos de banda larga.

Durante live realizada hoje, 16, pelo Tele.Síntese, representante da empresa afirmou que em 2022 será lançado Viasat-3, sistema com quatro satélites geoestacionários, dois dos quais atenderão as Américas. O sistema terá 1 terabit por segundo de capacidade, transmitida em banda Ka. O lançamento estava previsto para este ano, mas foi adiado para o começo de 2022 em função da pandemia de Covid-19.

Essa infraestrutura será usada para ampliar a oferta no Brasil. Atualmente, a empresa comercializa planos baseados no SGDC-1, pertencente à Telebras.

“Não somos contra baixa e média órbita, temos um pedido na FCC para 288 satélites. Entendemos que tem o seu valor. Mas consideramos que a melhor maneira de endereçar a viabilidade econômica dos planos é aumentando a produtividade dos satélites geoestacionários”, resumiu Bruno Henriques, diretor comercial da Viasat.

Ultrapassando a barreira do 1 terabit por segundo, afirmou, será possível derrubar preços da banda larga satelital, deixando as ofertas mais próximas das praticadas por provedores fixos, afirmou.

Interferência

O executivo argumentou que a competição dos sistemas de baixa órbita é salutar, mas traz riscos que vão além das disputas comerciais. E reclamou da SpaceX, empresa que tem projeto de lançar milhares de satélites. “Muitos não funcionam ou têm baixa precisão, transmitem mais do que a potência autorizada, ultrapassam a capacidade espectral permitida quando atravessam o arco dos satélites geoestacionários”, reclamou.

Por isso, ele defende que órgãos multilaterais, como a UIT, encontrem rapidamente uma solução para fiscalizar esses projetos. E também cobrou que a Anatel não licencie sistemas LEO sem levar em conta os riscos de interferência e segurança espacial que podem representar.

Ele também vê risco de preclusão, ou seja, que as constelações sejam usadas para abocanhar mais espectro radioelétrico do que de fato precisam, restringindo o acesso por parte de outras empresas mais eficientes.

Agostinho Linhares, gerente de espectro, órbita e radiodifusão da Anatel também participou da live e convidou Henriques a fornecer à agência mais detalhes sobres as reclamações dirigidas à SpaceX e similares.

Redução do Fistel

Henriques elogiou a redução do Fistel incidente sobre equipamentos de banda larga satelital, definida por medida provisória no final de 2020. Segundo ele, haverá forte alta do consumo dos planos da empresa em função da redução. A Viasat baixou em 10% o preços dos planos, e obteve aumento das vendas de 60% em março, primeiro mês em que colocou em prática o desconto em função da baixa da taxa de fiscalização.

A parceria com a Sky Brasil, que vai revender a banda larga da Viasat em 3 mil pontos no país, também deve crescer em função dessa mudança legal. “É uma medida importante precisamos que se torne Lei. Vai ser um retrocesso se tivermos que mudar tudo, todos os planos [se a MP caducar]”, enfatizou.

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Rafael Bucco

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