Quanto vai custar o espectro do 6G? Anatel contrata universidade para calcular
A Anatel contratou a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para criar uma ferramenta capaz de calcular o preço das frequências que serão destinadas a tecnologias futuras, incluindo o 6G. O presidente da agência, Carlos Baigorri, aprovou a escolha da instituição em novembro e teve seu voto seguido pelos demais integrantes do Conselho Diretor, mas o aval foi publicado apenas hoje, 11 de janeiro.
O trabalho da UFSC será resultado de um TED (Termo de Execução Descentralizada) e será concluído em 30 meses. Prevê a elaboração da ferramenta e entrega do código fonte à agência. Ao longo das pesquisas, a universidade vai realizar quatro workshops online, dois eventos públicos sobre os resultados obtidos até o momento e participação de interessados. Pelo trabalho, a instituição vai receber R$ 943 mil pela pesquisa.
O projeto deverá atender quatro metas. A primeira, em seis meses, será a entrega de um relatório contendo revisões de trabalhos acadêmicos e boas práticas internacionais sobre metodologias de precificação de espectro e análise técnico-econômica de redes móveis.
A segunda prevê a elaboração de um diagnóstico da metodologia de precificação atualmente em uso na Anatel, indicando pontos fortes e fragilidades da metodologia atual, sinalizando os aspectos que serão explorados na etapa seguinte. Isso em no máximo 12 meses.
A terceira meta prevê estudos para aperfeiçoamento do modelo de precificação (demanda, receitas, CAPEX, OPEX). Nesta fase, será iniciado o desenvolvimento da ferramenta para análise de sensibilidade do modelo. A entrega deverá acontecer no 26º mês do contrato.
Por fim, a última etapa prevê a entrega do relatório final completo, contendo boas práticas e recomendações para o desenvolvimento de metodologias de precificação com base em requisitos e casos de uso de tecnologias futuras (6G incluído), da ferramenta criada e seus códigos-fonte. Isso no 30º mês. Para cada uma dessas entregas haverá uma oficina online.
O 6G, vale lembrar, está previsto para ser lançado comercialmente no mundo em 2030. Entidades internacionais de padronização trabalham em suas definições técnicas de casos de uso. Uma parte já está aprovada no âmbito da UIT, o braço da ONU para telecomunicações.
A contratação da UFSC foi defendida pela Superintendência de Competição da Anatel. Esta ressalta que o modelo de VPL atual vem sendo utilizado pela Anatel há 15 anos, e convém verificar se precisa de atualização: “É importante incorporar técnicas que identifiquem a sensibilidade do modelo perante parâmetros e insumos de entrada que são utilizados para a precificação do espectro e, desta forma, aprimorar a análise de risco associada a estes parâmetros”, observa.
O trabalho foi firmado por intermediação do Centro de Altos Estudos em Comunicações Digitais e Inovações Tecnológicas (Ceadi), presidido pelo conselheiro Alexandre Freire. ““É uma oportunidade para estabelecer colaboração entre a Anatel e a Universidade Federal de Santa Catarina, na qual os respectivos corpos técnicos poderão interagir e desenvolver soluções inovadoras para evoluir os modelos de precificação em função das necessidades da Agência”, observa.
A agência já tem um conjunto de frequências em vista para próximas licitações, embora ainda não tenha definido datas. O último leilão da Anatel aconteceu em 2021, no qual foram vendidas as outorgas das faixas 3,5 GHz, 2,3 GHz, 26 GHz e 700 MHz, utilizadas para 5G.