TIM seria a grande beneficiada de eventual compra da Oi Móvel, avaliam analistas
A Oi mal anunciou a venda dos seus ativos na África e já há forte expectativa no mercado financeiro sobre a venda da Oi Móvel, sua unidade de telefonia celular. Conforme noticiado pelo O Globo no final de semana, a tele contratou o Bank of America com a missão de operacionalizar a venda ainda este ano. Além disso, todas as três principais concorrentes – TIM, Vivo e Claro -, já teriam recebido as informações necessárias para avaliar a aquisição.
Pelo ativo móvel, a Oi pede R$ 15 bilhões, o valor mínimo calculado pelo Banco BTGPactual, que há uma semana soltou relatório estimando que a divisão poderia alcançar até R$ 18 bilhões.
Hoje, os analistas Carlos Sequeira e Osni Carfi distribuíram novo relatório, reiterando seus cálculos. Mas foram além. Segundo eles, a Oi será a grande beneficiada em vender o móvel pois poderá se concentrar na expansão de sua rede de fibra óptica.
A TIM seria a segunda principal beneficiada dessa megatransação, a maior beneficiada como compradora. No entendimento dos analistas, o Cade permitiria à tele ficar com no máximo 70% da Oi Móvel. Essa fatia seria suficiente para gerar R$ 13 bilhões para a TIM em fluxo de caixa operacional adicional (trazido ao valor presente), além de adicionar espectro à operadora, que hoje possui menos frequências que Claro e Telefônica Vivo.
Os analistas chegaram à previsão de 70% levando em conta que, após a fusão, a empresa formada por TIM + Oi Móvel teria market share acima de 50% em sete estados (dois do Sul e cinco do Nordeste). Abrindo mão desses locais, a chance de vetos antitruste diminuiriam.
Quanto ao espectro, vale lembrar que a Anatel restringe a quantidade de frequências abaixo de 3 GHz que podem ser detidas por uma mesma empresa. Mas a operação TIM + Oi Móvel teria a mesma quantidade de frequências detida hoje por Claro e Vivo em 2,5 GHz, e praticamente o mesmo que a Claro em 1,9 GHz. Embora os analistas não entrem nesse detalhe, nos 1,8 GHz a operação teria mais de 50% do espectro disponível, concentração além do limite de 40% permitido pela Anatel, portanto, que exigiria algum remédio.
Para a Vivo, participar da transação também traria os benefícios de frear a entrada de um novo concorrente no Brasil, além de acrescentar a suas contas quase R$ 6 bilhões em sinergias. O BTGPactual não apresentou cálculos para consolidação envolvendo a Claro, que não é companhia negociada na bolsa, embora ressalte que a tele também se beneficie da “blindagem” do mercado e de aumento do fluxo de caixa.