TIM: Custos de construção da rede 5G pura e da rede 5G NSA são iguais

Operadora defende obrigação no edital do leilão 5G para que operadoras invistam no padrão "release 16" da tecnologia, que não permite reuso do núcleo das redes 4G atuais

Para o comando da TIM, o conselheiro da Anatel, Carlos Baigorri, acertou ao obrigar as grandes operadoras que participarem do próximo leilão de espectro da agência a investir em redes 5G baseadas no release 16, considerado o padrão “5G puro”.

Baigorri é relator do edital do leilão. O processo está parado, aguardando vistas solicitadas pelo presidente da Anatel, Leonardo de Morais, que prometeu trazer seu voto até 24 de fevereiro.

Segundo Leonardo Capdeville, CTIO da TIM, o custo de implantar uma rede 5G pura e uma rede 5G NSA (que tem núcleo 4G) é o mesmo.

“90% do investimento feito em uma rede móvel é feito no acesso, nos rádios. E estes são os mesmos para o 5G standalone ou non-standalone. Precisam apenas de uma atualização de software”, disse o executivo na conferência de resultados de 2020 da TIM, ocorrida hoje, 10.

Segundo ele, Baigorri propôs obrigações de cobertura em 5G que vão exigir a instalação dos novos rádios, não importando se a rede será release 16 ou não.

“Existe obrigação de cobertura mínima com uso de 50 MHz contínuo de espectro. De qualquer jeito tem que colocar um novo rádio para atender essa exigência. E não tem diferença de preço. Isso é informação de contrato do grupo na Itália, os rádio têm o mesmo preço para SA e NSA, pois são os mesmos”, enfatizou.

Ele ressaltou também, em coletiva de imprensa após a conferência, que os 10% restantes do investimento se referem ao núcleo da rede. Neste caso, mesmo com uma rede 5G NSA, a operadora precisa comprar mais licenças de software para que o núcleo lide com o novo tráfego.

A seu ver, a obrigação de uso do 5G puro traz vantagens para as operadoras, que poderão lançar mão de serviços inviáveis com o 5G NSA, como fatiamento da rede (slicing) e multiconectividade (mMTC). “Também é um ambiente mais competitivo do ponto de vista de fornecedores, acaba com o efeito lock in e abre oportunidades para Open RAN”, completou.

Rede 5G DSS

Apesar de aprovar a obrigação para que o novo espectro use 5G puro, a TIM manterá estratégia de reaproveitar sua rede 4G para implantar 5G non-standalone DSS em diversas cidades.

A empresa tem um piloto em três cidades do país, onde experimenta o fornecimento de banda larga fixa baseada em rede móvel 5G (FWA, na sigla em inglês). Para isso, usa sua rede 4G como base e a tecnologia DSS, que permite dividir o espectro entre 4G e 5G.

“Vamos expandir o projeto, fizemos um cronograma para levar o DSS a outras capitais, incluindo Fortaleza (CE)”, disse ele, que não detalhou as datas.

Segundo o CEO da TIM, Pietro Labriola, a oferta de serviços FWA é o primeiro grande modelo de negócio da 5G no Brasil. “E a TIM tem a melhor posição para explorar isso pois não temos rede legada de banda larga fixa, não temos que migrar usuários. É um modelo que complementa muito bem a oferta FTTH [fibra óptica]”, afirmou na conferência.

Ele contou que a operadora não pretende vender serviços móveis 5G com preços diferentes dos praticados no 4G. A monetização virá no aumento do fluxo de dados. Com o FWA, será possível gerar uma receita por usuário mais alta. Lembrou o executivo que a receita por usuário do Live TIM, serviço de banda larga, cresce a ritmo mais acelerado que no móvel.

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Rafael Bucco

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