Representante das Big Techs no debate do fair share critica demanda pela faixa de 6 GHz

Para representante da Aliança da Internet Aberta, frequência deveria ser mantida integralmente para o WiFi
Teles se contradizem entre fair share e 6 GHz, diz representante de big techs
Para representante de big techs e plataformas digitais, Alexandre Molon, há contradição no discurso favorável ao fair share e pedido por faixa de 6 GHz para telefonia móvel (crédito: Freepik)

Em discussão sobre a eventual implementação do fair share no Brasil, o diretor executivo da Aliança para Internet Aberta, Alessandro Molon, disse que as teles se contradizem no que diz respeito ao tráfego de dados sobre as redes de telecom, sobretudo as do serviço móvel.

Durante painel do Encontro Nacional Abrint 2024, nesta quarta-feira, 12, ele citou um relatório da GSMA, associação global das operadoras, que indica que as plataformas digitais exercem pressão, principalmente, sobre as redes móveis. Sendo assim, em sua avaliação, as empresas deveriam incentivar o uso das redes fixas. Contudo, lembrou que as operadoras pleiteiam a destinação da faixa de 6 GHz para o 5G. O uso integral da frequência é uma reivindicação dos provedores de serviços de internet (ISP) para a instalação de redes WiFi 6E e 7.

“A GSMA fala que há risco de explosão do tráfego de dados móveis. Mas, em vez de incentivar a conexão fixa, pressiona [pela destinação dos 6 GHz] no sentido inverso”, comentou. “Existe um medo ou desejo por tráfego de dados móveis?”, questionou.

No debate, o representante da entidade que reúne big techs e plataformas digitais frisou que o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, já se manifestou contra o fair share, mas se esquivou de responder sobre a implementação de uma taxa para outras finalidades.

“A Aliança é uma associação com os mais diversos setores, inclusive com posições diferentes sobre vários temas. Não debatemos outros assuntos hipotéticos, só sobre fair share, que, para nós, é ‘unfair share’”, ressaltou.

Bruno Vale, diretor de Projetos da Abrint, afirmou que a entidade que representa os provedores de serviços de internet (ISPs) é “absolutamente contra qualquer taxa de rede”. Além disso, disse que a discussão sobre o fair share não mostrou até agora qual é o problema a ser resolvido.

Adicionalmente, salientou que os “provedores sempre fizeram investimentos com recursos próprios”, indicando que as empresas não precisam de uma contribuição de outro setor.

Paula Bernardi, assessora sênior de Política e Advocacy da Internet Society, seguiu linha parecida. “O nosso posicionamento global é de que não deve ter uma taxa de rede. Trabalhamos para ter uma internet aberta, segura e confiável para todos. O único país que implementou a taxa foi a Coreia do Sul e teve um impacto desastroso”, afirmou.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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