Telecom e energia: foco do consumidor do futuro será integração

Para diretora de Programa do MME, setores devem estar cada vez mais integrados e abertura do mercado trazendo cliente para participação ativa é inevitável. Tema foi discutido durante 5×5 Tec Summit.
Isabela Sales Vieira Keynote Speaker tarde - Credito 5x5 Tec Summit Energia 2022
Isabela Sales Vieira, diretora de Programa do Ministério de Minas e Energia (MME), comenta futuro do setor no 5×5 Tec Summit (Foto: Reprodução).

No auge da telefonia fixa, os usuários esperavam anoitecer, sabendo que aquele era o momento ideal para fazer uma ligação interurbana. Esse tipo de gestão do consumo é o futuro também do setor elétrico, na visão Isabela Sales Vieira, diretora de Programa do Ministério de Minas e Energia (MME), que destaca a tendência de uma aproximação cada vez maior entre os setores elétrico e telecom, contando com investimento em ciência de dados e tecnologia móvel no centro da relação.

“Todas as possibilidades [de serviços digitais de energia] vão ter por base justamente as tecnologias digitais que hoje já estão aí: a internet das coisas e a inteligência artificial. O consumidor do futuro vai comprar a energia muito menos pela energia e muito mais pelos serviços que forem oferecidos para ele”, disse Vieira.

A representante do MME falou sobre o tema durante o evento 5×5 Tec Summit, realizado pelos sites Convergência Digital, Mobile Time, Tele.Síntese, Teletime e TI Inside.

Novo mercado

Citando dados, Vieira destacou que o mercado previsível e baseado principalmente na construção de grandes usinas hidrelétricas está mudando. “A energia eólica já representa 12% da nossa capacidade instalada e a solar centralizada mais de 3%. Além disso, a gente viu um crescimento muito grande da geração distribuída nos últimos anos. Hoje já há mais de 1,5 milhão de unidades consumidoras com geração própria e quase 2 milhões de unidades consumidoras que utilizam os créditos dessa geração distribuída”, afirmou.

“Essa mudança de forte inserção de fontes intermitentes, com o aumento da geração distribuída, faz com o nosso setor precise cada vez mais de soluções tecnológicas para gerenciar essas fontes, hoje menos controláveis e menos centralizadas”, disse a diretora.

A servidora também enfatiza a necessidade de “rediscussão do papel da distribuidora de energia”, já que o mercado caminha para abertura, e cita o papel do Estado nesta trajetória. “A agência reguladora [ANEEL] também tem propiciado novos experimentos em relação à tarifa. Para que o consumidor consiga aproveitar esse novo momento do setor elétrico, a forma de enxergar o preço da energia vai ter que evoluir naturalmente”.

“Há trabalhos sendo realizados para que essa mudança de preço seja um vetor, um indutor para a mudança tecnológica (…) A gente espera uma proximidade cada vez maior tanto com o setor de telecomunicações, quanto com as empresas de tecnologias digitais para que a gente consiga fazer com que esse futuro que a gente visualiza”, afirmou Vieira.

Questionada sobre o impacto da regulação, a diretora de Programa do MME afirmou que a mudança no mercado, com o consumidor assumindo papel mais ativo, “vai acontecer independente do arcabouço jurídico estar certinho”.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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