Futuro do Pix passa por integração com dados do Open Finance

Para especialistas, concretização dessa integração vai viabilizar a implantação do Pix inteligente, quando o consumidor poderá, por exemplo, programar transferências automatizadas a partir da configuração de algumas preferências
Futuro do Pix passa por integração com dados do Open Finance
Especialistas avaliam agenda conjunta de Pix e Open Finance | Foto: Tele.Síntese

Pix por aproximação, automático e até o chamado Pix inteligente são algumas evoluções do pagamento instantâneo lançado pelo Banco Central (BC) em 2020.

Para Luana Soratto, head de Produtos Open Finance do PicPay, a maior expectativa está em torno desse último, o que deve acontecer quando houver a compartilhamento de dados da modalidade de pagamento instantâneo com o Open Finance. “A transferência inteligente será a concretização disso. Será possível fazer transferências entre contas do mesmo CPF ou CNPJ. A partir do consentimento do usuário, todo dia 31, o que houver de saldo numa conta X poderá ir para um investimento em outra instituição”, exemplifica.

A executiva do PicPay acredita que, quando as instituições tiverem acesso integrado às informações dos clientes, será possível ofertar a eles diferentes tipos de transferências inteligentes.

As instituições financeiras esperam, por exemplo, que os clientes possam salvar algumas configurações que sirvam como gatilho para as transferências inteligentes. Entrar no cheque especial em determinada conta, vamos supor, seria o sinal para que houvesse um Pix inteligente, buscando saldo em outra conta a fim de que o cliente não fique no vermelho em um dos bancos utilizados.

Soratto fez considerações sobre as possibilidades do Pix em painel sobre a revolução do pagamento instantâneo na Fintouch 24, evento organizado pela Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), que aconteceu na sexta-feira, 13, em São Paulo.

Luís Moraes, head de Banking, Cartões, Onboarding e Payments da Celcoin, também observou como as instituições já começam a olhar para Open Finance e Pix como uma única agenda e já começam a pensar soluções a partir disso.O executivo da Celcoin falou ainda da expectativa sobre o Pix automático, previsto pelo BC para julho de 2025.

“Muitos bancos e fintechs organizaram suas próprias estruturas para o Pix recorrente, que atualmente vem sendo usado para pagamentos mais informais, entre pessoas físicas, por exemplo, a transferência para a diarista. Com o automático, vai facilitar para as empresas e também para quem paga contas como água e luz, em substituição ao débito automático”, comparou.

Quanto ao Pix por aproximação, vale lembrar que, no final de julho, o Google lançou essa funcionalidade para clientes do C6 Bank e PicPay que utilizam a sua carteira digital. No início de agosto, o BC publicou as regulamentações para o Pix sem redirecionamento, estabelecendo a obrigatoriedade de seu funcionamento por instituições detentoras de contas que movimentam 99% das transações de iniciação de pagamento a partir de novembro. Em janeiro de 2026, a obrigatoriedade engloba também as demais instituições.

Natália Falcão, analista no Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do BC, ao comentar sobre os próximos passos do Pix, incluindo a modalidade por aproximação, falou sobre como a autarquia vem buscando melhorar o monitoramento de como as instituições estão implementando os novos produtos a fim de aprimorar também a experiência do usuário.

“Monitoramento é essencial. O BC veio forte com essa agenda este ano para o lançamento de todos os produtos. Entre os desafios do BC nos próximos passos do Pix estão melhorar mais esse monitoramento e também a operacionalidade”, afirmou. Segundo ela, o objetivo é garantir que as novidades cheguem com boa usabilidade para os usuários.

 

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Simone Costa

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