Semicondutores: China alega prejuízo global por restrições do EUA
A Associação da Indústria de Semicondutores da China (CSIA na sigla em inglês) divulgou, nesta quinta-feira, 13, uma nota de repúdio à nova política de exportação de insumos usados na cadeia de produção de semicondutores aplicada pelos EUA contra os chineses. O comunicado cita o possível impacto global da ação.
“Essa medida unilateral não apenas prejudicará ainda mais a cadeia global de suprimentos da indústria de semicondutores [que enfrenta escassez], mas mais importante, criará uma atmosfera de incerteza, o que afetará negativamente a confiança, a boa vontade e o espírito de cooperação que os players da indústria global de semicondutores cultivaram cuidadosamente nas últimas décadas”, consta na nota.
O pronunciamento da CSIA vai no mesmo sentido da crítica feita pelo governo chinês na última semana. Em coletiva de imprensa no último sábado, 8, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou que os Estados Unidos “dificulta os intercâmbios científicos e tecnológicos internacionais e a cooperação econômica e comercial e terá um impacto na estabilidade da cadeia industrial global, na cadeia de abastecimento e na recuperação da economia mundial”.
“Pela necessidade de manter a hegemonia tecnológica, os EUA abusam das medidas de controle de exportação para bloquear e suprimir maliciosamente as empresas chinesas. Essa prática foge ao princípio da concorrência leal e viola as regras econômicas e comerciais internacionais. Não só prejudica os direitos legítimos e interesses de empresas chinesas, mas também afeta empresas norte-americanas”, afirmou Mao Ning.
Semicondutores e conflito
Os EUA anunciaram, na última quinta-feira, 7, um pacote de normas para restringir a comercialização ou colaboração entre os norte-americanos (ou moradores permanentes nos Estados Unidos) e as empresas de semicondutores da China – país que, desde 2018, intensificou os investimentos no setor e busca protagonismo mundial.
O governo dos EUA alegou que a medida faz parte da estratégia de desenvolvimento do potencial econômico do mercado de semicondutores, visando reduzir a dependência de outros países, mas, sobretudo, de reforço da segurança nacional, conforme nota do Departamento de Comércio.
“A regra segue uma extensa consideração do governo dos Estados Unidos sobre o impacto de ICs [circuitos integrados] de computação avançada, “supercomputadores” e equipamentos de fabricação de semicondutores para permitir a modernização militar, incluindo o desenvolvimento de armas de destruição em massa (WMD) e abusos de direitos humanos. O Governo da República Popular da China (RPC ou China) mobilizou vastos recursos para apoiar sua modernização da defesa, incluindo a implementação de sua estratégia de desenvolvimento de fusão militar-civil, de maneiras contrárias aos interesses de segurança nacional e política externa dos EUA”, consta em documento publicado pelo Departamento de Comércio.
Em suma, o novo ordenamento norte-americano prevê que “as licenças para instalações pertencentes a entidades da China enfrentarão uma ‘presunção de negação’ e as instalações pertencentes a multinacionais serão decididas caso a caso”.
O detalhamento das regras, divulgado nesta quinta-feira, 13, estabelece que as “pessoas dos EUA” que atuam no comércio ou até mesmo pesquisas com empresas que incorporam a cadeia de produção de semicondutores na China, deverão adquirir uma licença específica para prosseguir com as atividades. E que “para minimizar o impacto de curto prazo na cadeia de suprimentos de semicondutores a partir desta regra”, foi criada uma licença temporária, que valerá de 21 de outubro de 2022 a 7 de abril de 2023.
Acesse a íntegra da norma, em inglês, neste link.