Sem dinheiro da Telebras, começa a construção do cabo submarino Brasil-Europa

Estatal trocou ações na joint-venture, e obrigações de aporte de capital, por direito irrevogável de uso do cabo submarino.

Começou a construção do cabo submarino Brasil-Europa. A estrutura será feita pela Alcatel Submarine Networks para a EllaLink, empresa dona do cabo. O anúncio foi realizado ontem, 8, pelas empresas na Irlanda, onde fica a subsidiária da EllaLink que vai explorar o produto comercialmente.

Até o final de 2018, a EllaLink era uma joint-venture entre Telebras e a espanhola EulaLink. Mas, conforme adiantado pelo Tele.Síntese em outubro, a estatal iria se retirar do negócio trocando suas ações (e necessidade de aportes financeiros) por direito de uso. A saída da iniciativa se deveu à falta de recursos da brasileira.

A operação se confirmou no último dia de 2018, quando a estatal assinou o contrato de permuta de ações por “direito irrevogável de uso”. Ou seja, a Telebras vai receber um montante não revelado pela participação que tinha na joint-venture, com a obrigação de remeter boa parte do valor à Irlanda para pagar pelo uso do cabo.

Conforme comunicado de 2 de janeiro da Telebras, o cabo submarino entrará em operação comercial em 30 de janeiro de 2021. Ontem, no entanto, a EllaLink afirmou que a operação começa em 2020.

O cabo terá 9,2 mil Km de extensão. Será composto por quatro pares de fibra, com capacidade total de 72 Tbps e vida útil de 25 anos. Vai conectar data centes de Madri (Espanha), Lisboa (Portugal), Meselha (França), Fortaleza e São Paulo (Brasil), onde chegará através de Praia Grande. Será o primeiro cabo transatlântico do mundo ligando América do Sul e Europa. Além da Telebras, já estão confirmados entre os clientes do cabo o consórcio europeu de pesquisa Bella, que contratou pelo menos 100 Gbps e fará a conexão com instituições também de pesquisa latino-americanas; a operadora africana Cabo Verde Telecom; e a EMACOM, da Ilha da Madeira.

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Rafael Bucco

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