Restrições a conteúdo noticioso do Facebook atingem páginas do governo e de ONGs

O Facebook já havia anunciado ontem que iria bloquear o compartilhamento e visualização de notícias dentro da plataforma em resposta a criação de uma lei australiana que obriga big techs a pagarem pelos conteúdos que utilizam

As restrições do Facebook ao compartilhamento e visualização de conteúdos noticiosos na Austrália atingiu a contas do governo e de ONGs, além de serviços de bombeiros, saúde, meteorologia e o próprio Facebook. Durante algumas horas, as páginas ficaram impossiblitadas de fazer publicações.

A medida é uma resposta a proposta de lei do país que obriga as big techs a negociarem com meios de comunicação o pagamento pelo uso de conteúdo notícioso. Usuários de outros países também não conseguirão visualizar as notícias de veículos australianos na rede social.

O Facebook declarou que as entidades não deveriam ter sido afetadas. Entretanto, como a lei não oferece uma definição precisa do que seria conteúdo noticioso, foi preciso tomar um conceito maior a fim de “respeitar a lei conforme ela foi elaborada”.

A plataforma havia dito, em nota, que o projeto de lei não compreende a relação entre a rede social e os veículos de comunicação. Segundo a empresa, diferentemente do Google News, os meios de comunicação publicam suas notícias no Facebook voluntariamente, para aumentar sua audiência e a receita com propagandas.

A rede social afirmou ainda que essa troca é mais favorável aos veículos. Isso porque a rede teria feito 5,1 milhões de redirecionamentos para os sites em 2020, sendo que apenas 4% do Feed de Notícias do Facebook é composto conteúdo noticioso.

Repercussão dentro do governo

O primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, chamou as ações do Fcebook de “arrogantes” e “decepcionantes”. Ele afirmou que o bloqueio mostra a legitimidade do receio de alguns países sobre o comportamento de big techs, que acreditam ser maior que o governo. “Eles podem estar mudando o mundo, mas isso não quer dizer que o controlam”, escreveu. O político defendeu também que o Parlamento, o qual ainda deve votar na lei, não será intimidado por ameaças.

Também, o ministro das Finanças da Austrália, Josh Frydengerg, classificou as medidas como “inúteis, autoritárias e vão manchar a reputação do Facebook aqui na Austrália”. Ele disse que a rede social não havia avisado às autoridades sobre sua decisão e que o governo está determinado a implantar a lei.

No mesmo dia do anúncio do Facebook, o Google fechou contrato com o News Corp, conglomerado australiano que edita jornais como o The Wall Street e New York Journal. A big tech também havia lutado contra a lei e, inclusive, ameaçou bloquear o buscador na Austrália, mas acabou fechando contrato com diversos veículos. (Com agências internacionais)

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Da Redação

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