Redução do II vai expulsar fabricantes de componentes do país, afirma Abisemi

Associação de fabricantes de semicondutores teme que redução de tributo sobre a importação de celulares e computadores repita a experiência da década de 1990 e destrua a indústria local de componentes

Em meados de junho o presidente Jair Bolsonaro avisou no Twitter que vai reduzir imposto de importação sobre celulares e computadores. O governo já havia reduzido custos sobre itens que não são feito no Brasil. Mas o anúncio pegou fabricantes de surpresa e causou reação. Abinee se colocou contrária, afirmando que a medida vai destruir empregos. A Assespro saudou a iniciativa.

Agora, a Abisemi, que representa empresas fabricantes de semicondutores, emitiu nova nota reclamando da intenção do governo. Para o presidente da entidade, Rogério Nunes, a redução do II culminará na saída de empresas estrangeiras instaladas do país, na redução do parque industrial brasileiro de TICs, no aumento significativo de importações e no consequente desmonte da indústria de componentes instalada no país, incluindo a de semicondutores.

“Serão perdidas conquistas relevantes para toda a sociedade brasileira, que resultaram de mais de duas décadas de investimentos, nacionais e estrangeiros”, diz. Ele também preside a Smart Modular Technologies, que previa investimentos de R$ 700 milhões entre 2018 e 2021.

Em 18 de junho a Abisemi publicou posicionamento rechaçando a proposta de redução imposto de importação sobre celulares e computadores. Nela, alerta que os chips produzidos aqui são consumidos aqui. “Os componentes de memória produzidos no Brasil já são qualificados pelas maiores fabricantes mundiais do setor de TICs, que os empregam em 90% dos computadores e em 50% dos celulares produzidos e vendidos no país”, ressaltou.

A entidade afirmou, ainda, que antes de se pensar em facilitar a entrada de produtos importados, o governo deveria focar em melhorar o cenário para as empresas locais. “A redução tarifária não é o único caminho a ser percorrido para se atingir tal objetivo. Antes, fazem-se necessárias medidas que garantam maior estabilidade econômica, previsibilidade regulatória e tributário-fiscal, redução de rotinas burocráticas, geração de empregos e estímulo ao consumo, que resultarão em ganhos de escala e redução significativa de custos”.

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Rafael Bucco

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