Redes neutras querem acesso a postes e posteiro sem rede
As quatro grandes operadoras de redes neutras – Fibrasil, American Tower, I-Systems e V.tal – querem ter acesso aos postes para fixação de cabos de fibra óptica e defendem que o eventual posteiro, entidade responsável por gerenciar a utilização dos ativos, seja uma empresa com característica neutra – ou seja, sem rede de telecomunicações.
A reivindicação foi manifestada nesta quarta-feira, 4, em painel do Futurecom 2023, em São Paulo.
“Acho que o posteiro, se essa figura existir de fato, não pode ter rede, tem que ser neutro. O que pleiteamos é ter acessos aos postes. Não adianta ter a figura do posteiro e cinco pontos no poste para 150 empresas querendo usar. A escassez vai gerar estresse”, comentou Márcio Estefan, COO da I-Systems. “Acredito que Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações] e Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] estão tentando achar o melhor caminho”, ponderou.
Na semana passada, o Ministério das Comunicações (MCom) e o Ministério de Minas e Energia (MME) editaram uma Portaria Interministerial instituindo a Política Nacional de Compartilhamento de Postes, também chamada de Poste Legal. A regulamentação ainda deve ser feita pelas agências reguladoras setoriais.
No Futurecom, Moisés Moreira, conselheiro da Anatel, disse que as regras para o compartilhamento dos postes de energia elétrica por operadoras e provedores de internet só dependem de uma definição de metodologia de cobrança para fixação dos cabos de telecomunicações.
Condições para a regulamentação
Daniel Laper, diretor de Novos Negócios da American Tower, apontou que a política de uso de postes por empresas de telecomunicações deveria seguir três princípios: neutralidade, isonomia e não discriminação.
“Se esses três princípios fossem respeitados, não teria problema com postes. E o quarto, a racionalidade, iria imperar”, indicou Laper.
Para André Kriger, CEO da Fibrasil, não é interessante que uma operadora de rede neutra ocupe a figura do posteiro, caso isso seja permitido.
“Quero estar no poste e pagar o aluguel [da conexão do cabo]. O meu foco é entregar a melhor rede neutra do mercado, não queremos desviar o nosso foco. Queremos uma regularização mais rápida, mas como enabler [habilitador] dessa indústria”, afirmou Kriger.
A visão de Pedro Arakawa, vice-presidente de Negócios da V.tal, é de que o uso de redes neutras pode ajudar a diminuir o volume de cabos em postes. “Não tenho dúvida de que a rede neutra é a solução para essa história. Uma única fibra compartilhada seria o principal serviço para resolver isso”, argumentou.