Presidente da Apex e quadro do PT quer big techs pagando pelo uso das redes de telecom

Para Jorge Vianna, as empresas de internet fazem "grandes negócios com a infraestrutura que o país implementa" e devem contribuir para a expansão dessa rede. Ele acha que a própria Anatel pode regulamentar o "fair share"

Barcelona – O presidente da Apex, Jorge Viana, e um dos quadros mais antigos  do PT, defendeu hoje, 1, que as big techs, ou as empresas que produzem conteúdo na internet participem do “fair share”, pagando às operadoras de telecomunicações pelo intensivo uso de suas redes.

” O Brasil e os países da Europa precisam tomar uma decisão. É cada vez maior a demanda por infraestrutura de telecomunicações. O governo Lula irá estabelecer uma política”, afirmou o executivo, que participa do Mobile World Congress (MWC). A Apex, em parceria com o Softex, financia o stand  que traz para Barcelona empresas de tecnologia nacionais.

Para Viana, a mais importante infraestrutura do país é a de telecomunicações, e por isso, ele defende que ela seja preservada, ampliada e os investimentos assegurados. Para isso,  entende que os grandes geradores de tráfego, que são as quatro ou cinco maiores empresas de conteúdo de internet, conhecidas no Brasil como empresas de Serviço de Valor Adicionado, devem contribuir para a construção dessas redes.

Ele observa que, enquanto essas companhias fazem grandes negócios, investem muito pouco fora de seus países de origem. Observou que a Espanha, (onde é realizado o MWC) é o terceiro maior investidor no Brasil, e observa que a empresa espanhola que lidera esses investimentos é a Telefónica, que já aportou US$ 60 bilhões em território brasileiro. “Se há uma crescente demanda por infraestrutura, há um amplo uso dessa infraestrutura pelas Big Techs”, afirmou Viana.

E, segundo o presidente da Apex, o principal debate travado ao longo dos dias do evento (essa é a quinta vez que ele acompanha o MWC) é o que fazer diante deste dilema. “Os grandes usuários fazem grandes negócios com a infraestrutura que o país implementa”, observou Viana.

Pra ele, já passa da hora de se regular essa relação entre empresas de Internet e operadoras de telecomunicações. “Defendo que o Brasil faça urgentemente essa regulamentação”, afirmou. Para ele, não há necessidade sequer de se adotar essa postura por projeto de lei, bastando que a Anatel regulamente a questão.

Viana lembrou que Lula vai à China no final do mês de março, depois de ter ido para o Mercosul e para os Estados Unidos, e assinalou que lá o presidente pretende ampliar a lista de bens da balança comercial brasileira.

Netflix

Ontem, o presidente da Netflix (uma dessas  big Techs) rebateu essa tese. Greg Peters, co-CEO da empresa disse: “taxas assim teriam um efeito adverso significativo. Reduziriam o investimento em conteúdo, que prejudicaria comunidades criativas locais e a atratividade de pacotes de banda larga”, complementou.

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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