Presidente da Anatel nega intervenção e defende “solução de mercado” para a Oi

Leonardo de Morais negou informações veiculadas hoje pelo jornal O Estado de S.Paulo, segundo as quais o recente prejuízo da Oi repercutiu no governo e teria elevado as chances de intervenção na empresa ou declaração de caducidade de suas outorgas de STFC.
Brasilia, 22 de maio de 2019 – Telebrasil 2019 – Foto: Rudy Trindade / Themapress

O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Leonardo Euler de Morais, contestou as informações veiculadas hoje, 16, pelo jornal o Estado de S. Paulo a respeito da Oi.

Segundo o Estadão, os recentes resultados financeiros da companhia preocupam o governo. Sem citar fontes, o veículo diz que a agência pode “ser obrigada a intervir na empresa” caso não reverta os resultados “no curto prazo” e ter a caducidade das outorgas de STFC declarada. Haveria o temor no governo de um apagão nos serviços de telefonia fixa prestados pelo grupo. A Oi divulgou anteontem balanço do segundo trimestre, no qual registrou prejuízo de R$ 1,6 bilhão e ampliou seu endividamento. A empresa não quis comentar a notícia de hoje.

Por meio de nota distribuída à imprensa, Morais lembra que a Oi está sob acompanhamento especial da Anatel desde 2014. Em 2016, quando entrou em recuperação judicial, a companhia passou a ser acompanhada também pela Justiça. Ele não comentou a situação financeira da empresa. Mas defendeu que qualquer saída venha do mercado.

“Para o regulador setorial, por força de suas competências legais, têm primazia a efetiva preservação e a continuidade dos referidos serviços. Nesse contexto, uma solução de mercado definitiva é o cenário preferencial para a evolução positiva da situação do Grupo”, disse.

Euler também dá a entender que comentários fora de contexto realizados por autoridades podem ter impactos negativos sobre o setor de telecomunicações como um todo. “Eventuais manifestações, sem lastro factual, podem causar impactos sobre o mercado e externalidades negativas com efeitos deletérios sobre o custo de capital do setor”, afirmou.

Veja a íntegra da nota abaixo:

NOTA À IMPRENSA

Leonardo Euler de Morais
Presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)

De início, com todo o respeito à imprensa, não se atestam as informações veiculadas na data de hoje, em matéria publicada pelo jornal Estado de São Paulo (“Situação das contas da Oi piora e Anatel estuda intervenção”), concernentes à possibilidade iminente de decretação de intervenção ou de aplicação de caducidade às concessões de telefonia fixa do Grupo Oi S/A.

O acompanhamento especial da prestação de serviços de telecomunicações pelas empresas integrantes do referido Grupo, bem como de sua situação econômico-financeira, vem sendo feito pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de forma permanente desde 2014.

A partir de junho de 2016, com o início do processamento do pedido de Recuperação Judicial do Grupo, a tutela da observância das medidas de soerguimento das empresas passou a se dar também no âmbito do Judiciário, pelo Juízo da 7ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro – RJ. Desde então, estabeleceu-se entre Anatel e Juízo competente, relação construtiva, respeitadas as respectivas esferas de atuação.

Como é sabido, as empresas integrantes do Grupo estão entre as maiores prestadoras de serviços de telecomunicações – telefonia fixa e móvel, banda larga e televisão por assinatura – e posicionam-se entre as maiores provedoras de infraestrutura do setor de telecomunicações, essencial para a integralidade do sistema nacional.

Para o regulador setorial, por força de suas competências legais, têm primazia a efetiva preservação e a continuidade dos referidos serviços. Nesse contexto, uma solução de mercado definitiva é o cenário preferencial para a evolução positiva da situação do Grupo, diante de sua aderência ao modelo regulatório vigente. 

Soluções de outra natureza são excepcionais e ultima ratio. Dependem não apenas do atendimento das hipóteses previstas em Lei, mas também de se mostrarem, ante a análise de conveniência e oportunidade, instrumentos hábeis a alcançar posição mais segura e favorável ao interesse público.

Ademais, qualquer providência administrativa deve assegurar às partes envolvidas a observância dos direitos garantidos pela Constituição, pela Lei e pelo Regimento da Anatel.

A atuação no referido acompanhamento pressupõe, de todos os agentes envolvidos, alto grau de prudência e discrição no tratamento da matéria, vez que eventuais manifestações, sem lastro factual, podem causar impactos sobre o mercado e externalidades negativas com efeitos deletérios sobre o custo de capital do setor, transbordando, inclusive, o caso concreto.

Entende-se que o trato das informações no âmbito da Anatel é essencial para a manutenção da credibilidade de seu papel como regulador de um dos setores mais relevantes da economia nacional.

Brasília, 16 de agosto de 2019.

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Rafael Bucco

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