Pregão de nuvem dos estados: mesmas regras, mesmo vencedor

O pregão de nuvem de 10 estados e municípios coordenado pela Procergs foi alvo de pedidos de impugnação da Claro, do Google, da EDS e da Globalweb. Todos acabaram recusados.

Crédito: Divulgação

A Procergs realizou hoje, 23, o novo pregão de nuvem para empresas estaduais e municipais de processamento de dados. A vencedora foi, novamente, a NetManagement, empresa que venceu o leilão anulado de julho.

Na primeira tentativa de realizar a tomada de preço multinuvem, o Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul apontou irregularidade e pediu alterações. A Procergs então anulou o edital anterior e lançou um novo, sem, contudo, modificar os preços máximos estipulados da primeiras vez, exigência que também constavam a lista de correções do TCE.

Apesar de muito questionado (veja mais abaixo), o certame de hoje teve muita concorrência no lote 1, de de integração multinuvem.

A NetManagement apresentou a proposta vencedora de R$ 124,99 milhões após 25 rodadas, depois de disputa acirrada com a AX4B. Outras duas empresas, Extreme Digital e IPNet, desistiram na quinta rodada.

O segundo lote, por sua vez, previa o fornecimento de computação em nuvem exclusivamente em infraestrutura de nuvem da Oracle – o que afastou muitos competidores. A NetManagement levou com lance de R$ 99,99 milhões. Apenas outro competidor apareceu, a LTA-RH. As duas disputaram ao longo de 21 lances.

Agora a Procergs vai analisar a fundo a documentação enviada e realizar a homologação. No leilão de julho, Ax4B e LTA haviam vencido, mas foram desclassificadas depois em benefício da NetManagement. O leilão foi anulado pouco antes da homologação.

Polêmica

O leilão de nuvem de 10 estados e municípios chama atenção desde o início pelo método de precificação dos serviços e pela restrição tecnológica. A Procergs elaborou um edital com base em outro, do Ministério da Economia, cujo pregão aconteceu em 2021.

O problema, segundo fontes ouvidas pelo Tele.Síntese, e conforme apontado pelo TCE, é que os preços da Procergs não foram corrigidos conforme práticas de mercado. Além disso, o edital é mais extenso do que foi o do ME, com muitos serviços que não estavam precificados no certame federal.

O resultado, apontaram empresas do setor, foi uma grande quantidade de discrepâncias, com serviços simples custando caro e serviços complexos subavaliados, sem consultas às operadoras de nuvem.

Impugnações negadas

No primeiro edital, Claro, Oi, e muitas outras integradoras, apresentaram pedidos de impugnação do edital. Todos foram rechaçados pela Procergs.

Como o edital se repediu, com poucas alterações, novamente houve uma chuva de pedidos para adiamento e alteração das regras da disputa. Dessa vez, Claro pediu impugnação no dia 19 de setembro. Google Cloud, EDS, Global Web entraram com pedidos semelhantes no final do dia 21 de setembro.

Ontem, dia 22, a Procergs negou todas as impugnações e deu continuidade ao certame.

O Google Cloud questionou a exigência de nuvem da Oracle, defendeu que não existe razão para delimitar o escopo da contratação a uma marca específica. Também questionou os preços e sugeriu uma reavaliação.

A Procergs defendeu a exigência de entrega de uma marca específica de produtos. Disse também que não falhou na precificação, e que o TCE não questionou o modelo deste edital.

A Claro também questionou preços, mas, além disso, a restrição de uso a três nuvens específicas que trabalham com VMWare. Também criticou as tabelas de conformidade, ausência de informações suficientes para estimar preços, e também as sanções em caso de falha na entrega.

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Rafael Bucco

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