Políticas públicas de telecom precisam se voltar à qualificação, defende Baigorri

Presidente da Anatel afirma que o desafio brasileiro não é mais cobertura, mas fazer a população e as empresas extraírem o potencial máximo que a conectividade oferece.

O presidente da Anatel, Carlos Baigorri, afirmou nesta quinta-feira, 3, que o Brasil superou o abismo de conectividade e enfrenta hoje um desafio completamente diferente daquele que encarava há 20 anos: o letramento digital.

“O desafio não é mais levar a conectividade aos desconectados. Após a privatização, o desafio era levar telefone fixo para as pessoas. De lá para cá, passamos por desafios dessa natureza. Levamos telefonia fixa, celular, internet fixa, móvel, e agora 5G para todo o Brasil. A reflexão que precisamos fazer agora é que as telecomunicações não são um fim em si, mas um meio para aumentar a geração de bem-estar”, afirmou, durante apresentação em evento de comemoração dos 100 anos da fabricante de equipamentos de rede Ericsson no Brasil.

Conforme o dirigente, restam desafios de conectividade em áreas como Amazonas ou interior do país. “Mas, inevitavelmente, essas localidades vão ser atendidas por políticas públicas”, ressaltou Baigorri.

Ele citou a última PNAD, levantamento do IBGE sobre a conectividade dos brasileiros, que apontou que 92% das casas têm algum tipo de acesso à internet. “Os que não têm dizem que não sabem para que serve ou que não precisam. Não faz sentido construir infraestrutura se a sociedade não tiver as condições de aproveitar todo o potencial à disposição. O grande desafio dos Estados, e do Estado brasileiro também, é como fazer as pessoas aproveitarem a tecnologia para destravar o potencial que possuem”, acrescentou.

A solução, propõe, é rever como o governo deve agir para disseminar as TICs. “A gente precisa mudar completamente os mecanismos das políticas públicas. Nos últimos 25 anos, o foco tem sido levar rede. Agora, deve ser como fazer as pessoas utilizarem a tecnologia. A gente precisa qualificar a população brasileira e as empresas também, uma vez que 5G tem características que permitem aumentar a produtividade”, concluiu.

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Rafael Bucco

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