Para De Angelis, da TIM, Oi capitalizada terá foco em rede fixa

CEO da TIM diz achar estranho China Telecom tentar impor condições ao governo para investir na Oi. Afirma que dificilmente um investidor estrangeiro que se dispor a aplicar na concorrente em recuperação judicial vai adotar a guerra de preços como estratégia, para garantir o retorno sobre o investimento. E afirma que a TIM vai expandir a TIM Live com FTTH para médias e grandes cidades.

 

Presidente da TIM Brasil (foto: divulgação)
Presidente da TIM Brasil (foto: divulgação)

O CEO da TIM Brasil, Stefano De Angelis, disse na manhã desta quarta-feira, 8, em conferência de resultados da operadora, que uma Oi capitalizada e com foco na modernização da rede fixa não seria uma grande ameaça para a estratégia atual da TIM, no curto prazo.

Para ele, é na banda larga que a concessionária poderá crescer no futuro, especialmente no Norte e Nordeste, já que no segmento móvel não tem conseguido ganhar clientes no mesmo ritmo no resto do mercado. Já a principal fonte da TIM está no acesso móvel, embora tenha também uma operação de banda larga fixa, a TIM Live, cujas receitas cresceram 54% ano-a-ano.

“Uma Oi que se recupere, com [aporte] de um grande investidor vai ser uma ameaça, olhando para o futuro. A Oi ainda cresce no Norte, Nordeste. Acho que hoje o interesse da Oi é a rede fixa, não tanto a cobertura móvel. Foco deveria ser modernização do acesso fixo no país. Não vejo grande ameaça nesse sentido”, comentou De Angelis.

Live TIM

Apesar do comentário, De Angelis não nega a importância que a TIM Live está ganhando nas operações. No último balanço, o negócio foi responsável por 15% da expansão das receitas da tele com serviços, embora seja apenas 2% do faturamento da operadora.

A TIM começou, em outubro, a lançar serviços FTTH, que levam fibra até a casa do cliente, em bairros de São Paulo e Rio de Janeiro. Até então, a Live usava tecnologia FTTC, em que a fibra chega até o armário da tele mais próximo à casa do cliente, e de lá, parte em cabo de cobre até a residência.

O CEO da TIM conta que o objetivo da empresa é crescer de forma orgânica, com expansão de infraestrutura própria. O plano é levar FTTH a mais cidades, usando o backhaul de fibra que chega às torres de celular 4G. Dos armários instalados nas antenas, a fibra será levada à casa do cliente. Com essa abordagem, “temos bastante oportunidade em médias e grandes cidades”, falou.

Ele não descarta a expansão da rede através da compra de infraestrutura de outras empresas, como da CEMIG Telecom, por exemplo, que está à venda. Mas garante que não existe, dentro da TIM, nenhuma análise de aquisição e fusão no momento.

China Telecom

O executivo comentou a intenção da China Telecom de investir no mercado brasileiro. A operadora estatal chinesa negocia com o governo e com acionistas da Oi um aporte na concessionária, que hoje passa por recuperação judicial. No entanto, estabeleceu condições para de fato fazer os aportes. Estas exigências causam estranheza a De Angelis.

“A TIM investe R$ 12 bilhões por ano. Nunca colocamos condições para os investimentos. Nunca vimos empresas que querem investir em um mercado colocar condições para o governo ou mercado para chegar. Normalmente investimos e, depois, temos discussões abertas com o governo”, disse.

Apesar da estranheza, ele afirma que os executivos da TIM não estão buscando uma agenda com representantes do governo para debater a recuperação da Oi. “Estamos na fase de rumores”, justificou.

Disse, também, que qualquer investidor que aplique na Oi dificilmente terá como estratégia brigar por preços com os concorrentes locais já estabelecidos. “Se temos investidores que vão colocar dinheiro na empresa, temos que esperar um comportamento racional. Para aplicar bilhões é preciso um retorno. Então um comportamento irracional [por preços] não faria sentido”, analisou.

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Rafael Bucco

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