Para competir com OTTs, Globoplay precisa de simplificação regulatória

Segundo Marcelo Bechara, a assimetria com as grandes plataformas é escandalosa. “Precisamos de regras equânimes”

A Globoplay quer competir com as grandes plataformas de conteúdo, mas precisa de simplificação regulatória porque a assimetria com as OTTs é escandalosa, afirma o diretor de relações institucionais e regulação de mídias do Grupo Globo, Marcelo Bechara.

“O que a gente precisa é chegar ao nosso consumidor. A Globoplay é uma realidade, mas temos muito que evoluir, porém precisa de muito dinheiro, não é um negócio para amador”, disse Bechara. Para ele, o brasileiro gosta de se enxergar no mercado de atenção e entre as ofertas que se tem hoje, o Grupo Globo consegue traduzir melhor , chegar mais próximo desse sentimento nacional de conteúdo e de identificação.

Bechara, que participou nesta quarta-feira, 14, do VI Workshop de Competição, promovido pela Anatel, disse que a impossibilidade de ingresso de capital estrangeiro acima de 30% na companhia e a limitação de detenção de canais são exemplos de normas que restringem a competição na radiodifusão brasileira. “É preciso regras equânimes para se manter nesse mercado”, disse.

“Se nos deixarem competir, do ponto de vista de uma assimetria regulatória, seja dentro da Anatel, do Ministério das Comunicações, seja na legislação, que também se aplica muito à indústria de telecomunicações, nós vamos competir sério nesse jogo e vamos ter uma vida muito longa para contar essas histórias”, disse Bechara.

Ele defende também um olhar mais atento dos órgãos antitruste para o gigantismo das OTTs. “A concentração transversal (de conglomerados) nesses casos, não eleva preços porque os serviços são gratuitos e não se sabe aferir o nível de qualidade, já que a monetização vem dos dados”, disse. Ele exemplifica o caso de uma operadora que o sinal saiu do ar e a empresa será objeto de processo e certamente de multa. “Agora, se um aplicativo de mensagem sai do ar, o que acontece? Vira apenas um trend top no Twitter”, disse.

Claro

O diretor de Programação e Conteúdo da Claro, Fernando Magalhães, disse que a Claro não tem capacidade de competir com a Netflix ou Amazon na oferta de conteúdo, em função dos ganhos de escalas das duas OTTs. “Essa situação está dada, o que a operadora está fazendo é vender os apps das grandes empresas de streaming ou de terceiros e se valer da sua carteira de clientes e fazer com que eles assistam os conteúdos a partis da sua plataforma”, disse.

“Os players grandes vieram para ficar e vai ser um clube com poucos sócios e a gente tem que trabalhar dentro desse cenário competitivo”, afirma Magalhães. “A vida é dura”, completou.

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Lúcia Berbert

Lúcia Berbert, com mais de 30 anos de experiência no jornalismo, é repórter do TeleSíntese. Ama cachorros.

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