Para coibir chamadas abusivas, site mostra qual empresa ligou para usuário
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) liberou, nesta quarta-feira, 1º, a plataforma “Qual Empresa Me Ligou”, por meio da qual é possível identificar, pelo número da linha telefônica, organizações que fazem ligações recorrentes, sendo que muitas das quais duram até três segundos.
A ferramenta estava prevista na medida cautelar publicada em outubro de 2022. A ação faz parte de um conjunto de medidas que a agência reguladora tem adotado para combater as chamadas indesejadas e abusivas feitas por centrais de atendimento e serviços de telemarketing.
Desse modo, a partir de agora, para saber qual empresa é a responsável pela ligação, o usuário de telefone fixo ou móvel pode acessar o portal “Qual Empresa Me Ligou” e inserir o número da linha da chamada recebida, com DDD, como no exemplo a seguir.
Vale destacar que a ferramenta revela apenas números de pessoas jurídicas, é gratuita e não precisa de login e senha para ser utilizada.
Inicialmente, a plataforma congrega linhas sob responsabilidade das operadoras Claro, Oi, TIM, Vivo, Algar e Sercomtel. A previsão é de que números que pertencem a outras empresas sejam incluídos até abril deste ano.
Segundo Vinicius Caram, superintendente de outorgas e recursos à prestação da Anatel, a ferramenta nasce a partir da compilação de um grande volume de informações. “As maiores empresas do país e as pequenas que vão entrar, juntas, somam mais de 65 milhões de números móveis e fixos que querem contatar o consumidor, não apenas para telemarketing. A página empodera o consumidor para saber quem está ligando, e decidir se vai atender”, diz.
A seu ver, a medida também favorece as empresas, aumentará a resolução de chamadas dos call centers, uma vez que atualmente muitos consumidores não atendem o telefone por não saber quem está ligando. E abre oportunidade para, no futuro, aparecer o nome da empresa que está ligando no identificador do celular.
BALANÇO
Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira, a Anatel destacou que a quantidade de chamadas curtas (duração de até três segundos) caiu significativamente desde junho do ano passado, quando a agência editou medida cautelar que previa o bloqueio da linha que fizesse mais de 100 mil chamadas desse tipo por dia.
Segundo a Anatel, na semana em que a cautelar foi publicada (5 a 11 de junho de 2022), mais de 4 bilhões de ligações curtas eram feitas no intervalo de sete dias. Os dados mais recentes, referentes à semana de 15 a 21 de janeiro de 2023, apontam que 2,47 bilhões de chamadas com menos de três segundos foram realizadas. Com isso, a redução é de 38,5%.
Cálculos da agência indicam que, no total, 41,3 bilhões de chamadas curtas deixaram de ser feitas no período de 12 de junho de 2022 a 21 de janeiro de 2023.
Além disso, desde novembro, a Anatel registrou 2.482 ofensas aos critérios da cautelar praticadas por 250 organizações, das quais 123 tiveram as linhas bloqueadas.
“Quando se descumpre o critério de eficiência da cautelar, a empresa recebe uma advertência. Sendo reincidente, a Anatel bloqueia a linha”, explicou Cristiana Camarate, superintendente de Relações com Consumidores da agência.
Pelos critérios vigentes, a Anatel pode bloquear linhas que fazem mais de 100 mil chamadas curtas por dia ou casos em que 85% das ligações feitas por determinada empresa, ainda que espalhadas por diversos números telefônicos, durem menos do que três segundos.