Países menos desenvolvidos estão ficando mais para trás em conectividade, diz UIT
Os países menos desenvolvidos estão ficando ainda mais para trás no que diz respeito ao acesso à internet quando comparados ao planeta inteiro, aponta relatório da União Internacional de Telecomunicações (UIT).
Estima-se que, em 2022, 407 milhões de pessoas nas nações mais pobres estivessem usando a internet, contingente que representa 36% da população desses países, taxa inferior à do resto do mundo (66%).
Além disso, atualmente, há 720 milhões de pessoas offline nos países menos desenvolvidos. Com isso, essas nações representam 27% da população global sem conectividade. Vale destacar que esses territórios comportam apenas 14% da população mundial.
O estudo Facts and Figures: Focus on Least Developed Countries (Fatos e números: Foco nos Países Menos Desenvolvidos, em tradução livre) também ressalta que a banda larga fixa detém números insignificantes nos países mais pobres, com apenas 1,6 assinaturas por 100 habitantes.
“As redes de banda larga fixa não estão disponíveis em muitas partes dos países menos desenvolvidos, especialmente nas áreas rurais e, se estiverem disponíveis, costumam ser proibitivamente caras”, afirma a UIT em trecho do relatório.
No caso da banda larga móvel, o estudo mostra que as assinaturas passaram de 1,3, em 2011, para 42 pessoas por 100 habitantes, no ano passado. Apesar do crescimento significativo, a taxa não chega nem à metade da média mundial (87).
Segundo o relatório, a cobertura móvel (3G ou tecnologia superior) está ao alcance de 83% da população dos países menos desenvolvidos, enquanto o sinal das redes móveis está disponível para 95% da população mundial.
Na avaliação da UIT, o preço dos serviços de internet é uma das principais barreiras à conectividade nos países mais pobres. Basta ver que o preço de um pacote móvel mensal com franquia de 2 GB equivale a quase 6% da renda mensal média nas nações menos desenvolvidas. Na prática, é quatro vezes mais cara do que o custo médio em todo o mundo, que fica em 1,5% da renda mensal média.
Por fim, o relatório mostra que, em termos de uso de internet, a disparidade digital continua significativa entre homens e mulheres nos países mais pobres. Em 2022, 43% da população masculina estava online, enquanto apenas 30% das mulheres tinham acesso ao mundo digital.
No recorte da UIT, 46 nações integram o grupo de menos desenvolvidas, das quais 33 estão na África, 12 na região Ásia-Pacífico e apenas uma na América (Haiti).
Internet no mundo inteiro
Em cerca de um ano, a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) especializada em Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) arrecadou quase US$ 30 bilhões para pôr em prática um projeto que visa a conectar as regiões mais isoladas do mundo.
Recentemente, em palestra na edição de 2023 do Mobile World Congress (MWC), em Barcelona, a secretária-geral da UIT, Doreen Bogdan-Martin, citou o Brasil como exemplo de boa prática de inclusão associada à política de telecomunicações. A iniciativa enaltecida foi o projeto Aprender Conectado, cujo objetivo é levar conectividade às escolas públicas do País.