Nova versão do plano de recuperação da Oi prevê maior aporte de capital
Pouco antes da retomada da Assembleia Geral de Credores (AGC), na tarde desta quinta-feira, 18, após suspensão do encontro no dia anterior, a Oi divulgou uma nova versão do seu plano de recuperação judicial. O material prevê volumes mais elevados de recursos para as necessidades de liquidez da empresa.
Conforme a nova versão do plano, o financiamento que a tele deve conseguir junto aos credores passa para US$ 655 milhões – anteriormente, a previsão era de US$ 650 milhões. Desse total, até US$ 505 milhões devem ser concedidos pelo credor Ad Hoc Group. Sendo assim, US$ 150 milhões, de acordo com o plano, devem ser providenciados por outra organização – provavelmente, a V.tal.
Além disso, o valor do empréstimo-ponte para fins emergenciais também foi elevado. O montante passou de US$ 125 milhões para até US$ 135,8 milhões. Segundo a Oi, o empréstimo será concedido preferencialmente pelos credores do financiamento DIP original.
“O ponto central do plano é liquidez para que a companhia possa manter a operação”, ressaltou Thalles Paixão, diretor jurídico da Oi, enquanto apresentava os ajustes do novo modelo. Vale lembrar que, na quarta-feira, 17, a diretoria da Oi destacou que a situação do seu caixa estava se agravando.
AGC
No reinício da assembleia, por volta das 14 horas desta quinta-feira, os executivos da operadora apresentaram as principais considerações sobre a nova versão do plano. Em seguida, solicitaram tempo para tirar as eventuais dúvidas dos credores presentes à reunião, no Rio de Janeiro.
A mesa responsável pela recuperação judicial concordou em interromper a assembleia por algumas horas, para facilitar as negociações. A AGC deve ser retomada às 20h.
Principais pontos do plano
Além do novo financiamento e do empréstimo-ponte, o plano de recuperação judicial da Oi traz uma série de dispositivos sobre como a operadora vai se acertar com os credores.
A proposta prevê a venda de ativos, em especial a participação que a empresa ainda detém na V.tal e a carteira de clientes de fibra óptica (ClientCo). A unidade, inclusive, deve ser negociada por R$ 7,3 bilhões – abaixo desse valor, somente com a aprovação dos credores. A Oi ainda indica que deve repassar a titularidade de torres e imóveis para empresas parceiras que já exploram essas infraestruturas.
No entanto, algumas instalações devem ser, de fato, alienadas. Nesta situação, 100% dos recursos dos imóveis vendidos em até 12 meses devem ir para a Oi, “para investimentos de suas próprias atividades ou de suas afiliadas”, conforme o plano.
No caso de propriedades cujo valor fique entre R$ 100 milhões e R$ 400 milhões, 70% dos recursos serão destinados ao pagamento de credores. Acima de R$ 400 milhões, todo o dinheiro auferido será usado para cobrir dívidas.
A Oi ainda planeja pagar fornecedores parceiros com créditos de até R$ 100 mil em 45 dias após a aprovação do plano. Para dívidas de R$ 100 mil a R$ 1 milhão, os créditos devem ser pagos em 12 parcelas mensais.
No caso de dívidas de R$ 1 milhão a R$ 10 milhões, o plano prevê desconto de 10%, em seis parcelas trimestrais – com a primeira parcela sendo paga somente 12 meses após o desembolso do novo financiamento. Acima de R$ 10 milhões, os critérios são desconto de 10%, em seis parcelas semestrais, com a primeira vencendo 18 meses após a concretização do novo financiamento ou em março de 2026 (o que ocorrer primeiro).
A operadora também fará uma nova emissão de dívida no total de R$ 6,75 bilhões. A primeira tranche, de R$ 4,5 bilhões, tem vencimento em dezembro de 2028. A segunda, de R$ 2,25 bilhões, tem prazo para a mesma data, mas pode ser prorrogado.
Neste caso, os credores ficarão com 80% do capital social da tele, com os demais 20% restando aos acionistas atuais. Com isso, a operadora deve ter uma nova estrutura de governança, possivelmente adotando uma estrutura interina por algum tempo.
“O Plano Atualizado apresentado é resultado da continuidade das extensas negociações mantidas entre a Companhia e um grupo relevante de credores financeiros internacionais titulares de notas emitidas pelo Grupo Oi no exterior (Noteholders) e agências de fomento internacionais (Export Credit Agencies – ECAs, em conjunto com os Noteholders, ‘o Ad Hoc Group’), torreiras, credor fornecedor de capacidade satelital e da V.tal – Rede Neutra de Telecomunicações S.A., além de melhorias e contribuições de credores em relação à versão anteriormente apresentada”, afirma a tele, em comunicado ao mercado.