Oi e credores não chegam a acordo

Credores propuseram reemissão de R$ 9 bilhões da dívida e 95% de participação na companhia, diluindo montante dos controladores atuais a apenas 5%.

Logo OiA operadora brasileira Oi anunciou hoje, 17, que não chegou a acordo com credores para reestruturar sua dívida, que no último trimestre somava o valor bruto de R$ 49,37 bilhões.

“Embora as negociações entre o Comitê e a Companhia continuem no futuro, não é possível assegurar que as negociações continuarão ou, caso continuem, que as mesmas irão resultar em um acordo com relação aos termos de uma Transação”, diz a companhia, em comunicado.

A Oi deu alguns detalhes das negociações. Diz que entregou aos credores relação com detalhes sobre o endividamento. Afirma que 60% dos seus recebíveis estão penhorados a bancos brasileiros. Os credores entregaram à Oi uma proposta de reestruturação que, segundo a companhia, ainda não foi respondida.

A divulgação faz parte das obrigações legais assumidas no início da negociação, de que os termos seriam divulgados após “um certo período”.

Negociação
A proposta da Oi foi de redução de 50% da dívida com a conversão em 50% de equity. Aos bancos, a intenção era alongar o pagamento das dívidas e cancelar amortizações de juros por, pelos menos, quatro anos. Ao todo, essas medidas afetariam R$ 16,86 bilhões, dos quais, R$ 4,4 bilhões seriam de dívidas com Banco do Brasil, R$ 1,85 bi com Caixa e R$ 3,26 bilhões com BNDES.

Os documentos da negociação foram publicados pela Oi aqui. Com isso, os custos da dívida cairiam de R$ 6,5 bilhões em 2016 para R$ 160 milhões em 2018. E a dívida líquida encerraria o ano em R$ 16,45 bilhões – atualmente é de R$ 40 bilhões. A alavancagem, então, ficaria em 2,3x (dívida líquida sobre o EBITDA).

A proposta dos credores da Oi previa que a empresa emitisse novas séries de bonds, que substuiriam os papeis atualmente detidos pelos credores, e com valor de R$ 9 bilhões. 95% dos credores deveriam aderir a esta emissão. Se concretizada, alongaria o prazo de pagamento da dívida em seis anos, eximiria a empresa de amortizar juros por sete anos, com taxas de juros negociadas caso a caso.

Além disso, os donos dos bonds receberiam 95% de participação na Oi, deixando os atuais controladores com não mais que 5% da operadora. Se fechado o acordo, os credores deveriam concordar com a possibilidade de uma recuperação extrajudicial. E receberiam um plano para uma recuperação judicial, caso a extrajudicial falhasse. A companhia, caso concordasse, divulgaria a solução a partir de 18 de julho.

A Oi não divulgou, no entanto, os motivos que a levaram a recusar o acordo. Na sexta-feira da última semana, Bayard Gontijo, o CEO da empresa, que participava das conversas com os credores em Nova York, renunciou ao cargo. O mesmo fez Robin Bienenstock, conselheira independente, que não concordou com a renúncia de Gontijo. Rumores indicam que os controladores portugueses da Pharol/Bratel rechaçaram a negociação.

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Rafael Bucco

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