O debate do fair share faz parte da expansão sustentável da rede, diz Anatel
A expansão sustentável da rede, de maneira a atender a política pública de universalização da internet, é a principal razão para a a Anatel ter lançado a tomada de subsídios buscando alternativas para o seu financiamento, e estar promovendo o seminário sobre os desafios do ecossistema digital. ” Como financiar esse processo para acontecer de forma eficiente, sem prejudicar todos os agentes, é o que estamos buscando”, afirmou hoje, Nilo Pasqualli, superintendente de Regulação da agência.
Para ele, a questão não é definir “quem paga para quem”, mas sim saber quais as reais necessidades de recursos para a expansão da rede de telecom e de financiamento dessa expansão, e quais os arranjos devem acontecer.
Para a Vivo, o foco deve ser a “conectividade significativa” e, ao se olhar sob a ótica da rede fim-a-fim, garantir a integridade das redes, e como essa rede será sustentável com o tráfego de dados que só irá crescer. Anderson Gonçalves, diretor de Estratégia Regulatória da Vivo assinalou, no seminário promovido pela agência, que a operadora está fazendo a sua parte, de realizar investimentos para otimizar a rede e oferecer a melhor experiência para o cliente, mas diz que o crescimento de tráfego projetado, de 25% ao ano, precisa ter outras formas de financiamento.
Já Demi Getschko, Diretor Presidente do NIC.br, lembrou que o debate deve evitar conceitos errados como o de “regular a internet”. Observou que o conteúdo que é acessado na web não é a internet em si, mas transita sobre essa internet. ” O conteúdo cresceu sobre a internet. Regular a internet seria regular o Trânsito IP, o que não tem sentido”, disse.
Netflix
Já para a Netflix, disse Thomas Volmer, head of Global Content Delivery Policy, a competição é a melhor forma de assegurar o financiamento das redes. Lembrou que os produtores de conteúdo, como a empresa que representa, não só investem em mais produção de vídeos, como também alocam recursos para assegurar a melhor distribuição geográfica do streaming. “No Brasil, temos mais de mil pontos locais, com CDNs instaladas para que o tráfego circule localmente e o acesso seja igual em todos as unidades da federação”, afirmou.
Para Volmer, os usuários já pagam pela conexão à internet, escolhendo, em seguida, o que querem acessar. E, no seu entendimento, se for criada uma “taxa” para os provedores de conteúdo, estará sendo quebrado o princípio da internet aberta, e invertendo-se a ordem da própria web.