O crescente apetite dos ISPs pelo mercado móvel
No Abrint Global Congress, ISPs elogiam proposta de Plano Geral de Metas de Competição com incentivos a operadoras móveis virtuais
Em debate durante um painel no Abrint Global Congress 2025, realizado hoje, 7, o voto do então conselheiro substituto Vinícius Caram a respeito do Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) foi considerado um ponto de equilíbrio por provedores regionais de banda larga (ISPs), cada vez mais interessados em ir além do acesso à internet e capturar novas receitas, como as existentes no mercado móvel.
O destaque da proposta é o tratamento mais “adequado” ao mercado celular, hoje concentrado em três competidores nacionais. O PGMC reconhece a necessidade de criar condições para que novas empresas — como as MVNOs — possam operar com mais previsibilidade, incentivos e acesso justo ao espectro, avaliaram os presentes.
“A entrada no mercado móvel passa por uma diversificação dos modelos”, disse Cristiane Sanches, conselheira da Abrint, ao destacar a importância de transpor o conceito de PPPs (prestadores de pequeno porte) para o universo móvel.
Segundo ela, é fundamental reconhecer que o celular é distinto da banda larga fixa, com desafios próprios, como o uso do espectro. Nesse sentido, o novo PGMC propõe não apenas regras, mas condições reais para que empresas menores possam acessar esse recurso escasso e caro — algo que foi reiterado por Caram em seu voto. “A Anatel dá um passo além para colaborar com competitividade nessa área. Estamos falando de um ‘norte’ para o setor”, acrescentou a conselheira.
A expectativa em torno do papel das MVNOs no novo PGMC é alta e os painelistas concordaram que ainda há pontos que precisam de atenção.
Paula Fontelles do Valle, da Anatel, destacou que o mercado móvel precisa de regras claras para a precificação de serviços e acesso ao espectro, além de maior transparência para garantir que novos negócios tenham condições reais de se estabelecer.
“Uma preocupação da Anatel é a manutenção do conceito de PPP. Um dos pilares da decisão do conselheiro Caram é não fazer a distinção do micro prestador. Também temos que assegurar um ambiente propício para novos modelos de negócio no mercado móvel, e o PGMC identifica esse setor como merecedor de mais atenção”, afirmou.
Novos investimentos
Leandro Salatti, diretor da Alloha Fibra, maior provedor FTTH do Brasil em número de assinantes, elogiou o equilíbrio do voto de Caram por manter a previsibilidade necessária para novos investimentos. “Com regras estáveis, temos segurança jurídica para dar o próximo passo e sair da categoria de PPP”, afirmou, destacando a abertura da Anatel para envolver esses players em discussões regulatórias mais amplas — uma sinalização positiva para a maturidade do mercado.
A Hughes do Brasil, representada por Sabrina Ferrari, também apontou a importância de usar o PGMC como instrumento para criar ambientes mais atrativos a investimentos. Para ela, a regulação não é apenas uma questão técnica, mas de impacto direto na vida do consumidor. “A função mais importante é difundir conectividade com concorrência.”