Nextel: ajuste contábil afeta resultado de 2016

Dona da operadora apresentou balanço financeiro em que registra prejuízo de US$ 1,5 bilhão no ano passado, uma reversão do lucro de 2015. Queima de caixa preocupa CFO, que deposita esperanças na renegociação com credores para alongar prazos de empréstimos. Caso contrário, considera calote a bancos brasileiros ainda neste ano. Operadora chama atenção, no entanto, para manutenção do alto ARPU e crescimento das receitas com serviços 3G e 4G.

Logo NextelA NII Holdings, dona da Nextel Brasil, divulgou hoje, 09, os resultados financeiros do grupo no ano passado e especificamente para o quarto trimestre. Em 2016, a empresa perdeu 18,8% em receita operacional, que ficou em US$ 985 milhões (cerca de R$ 3 bilhões). A operação brasileira é o único ativo da holding.

Os custos operacionais passaram US$ 689,1 milhões em 2015, para US$ 2,5 bilhões em 2016, devido a baixas contábeis realizadas ao longo do ano, no valor de mais de US$ 1,38 bilhão. Com isso, a companhia teve prejuízo líquido de US$ 1,55 bilhão, ante lucro de US$ 1,45 bilhão um ano antes, quando contabilizou a venda de ativos.

No balanço, o CFO NII Holdings, Dan Freiman, lembra que a posição de caixa da companhia é desconfortável. A empresa terminou o ano com US$ 257,4 milhões em caixa, menos que os US$ 340 milhões de 2015. “Realizamos uma série de iniciativas para diminuir a queima de caixa. Mas os desafios enfrentados no Brasil e o serviço da dívida estão pressionando nossa liquidez”, ressaltou.

Ele lembrou que, desde a primeira metade de 2016, negocia com credores os termos da dívida, a fim de alongar o perfil dos empréstimos. E que a empresa pode vender mais ativos ou tentar levantar capital, com a entrada de novos sócios, para enfrentar o problema. Ele acrescenta que a empresa tem entre seis meses de um ano para resolver o problema de liquidez de caixa, que será novamente negativo em 2017. Se não resolvê-lo, não será capaz de arcar com as obrigações, e poderá entrar em default em dezembro deste ano com bancos brasileiros.

A Nextel Brasil terminou o ano com um OIBDA (lucro operacional antes de depreciações e amortizações) de US$ 59,1 milhões. Melhora importante, uma vez que em 2015, havia tido OIBDA negativo de US$ 91,1 milhões. A operadora terminou o ano com 3,63 milhões de clientes, uma redução de 15,3% na base. A maior parte dos desligamentos aconteceu no segmento iDEN, de rádio (-585 mil), mas o saldo também foi negativo no 3G/4G (-73 mil). O churn geral cresceu de 3,44% para 4%.

A empresa comemorou, no balanço financeiro, a manutenção da receita média por usuário (ARPU), de R$ 68, o maior do mercado brasileiro. Também chama a atenção para crescimento de 24% da receita de serviços 3G/4G, que somou R$ 2,37 bilhões.

No quarto trimestre, a receita da Nextel Brasil foi de US$ 243,8 milhões, alta de 3%. O OIBDA passou de negativos US$ 5 milhões para positivos US$ 7,5 milhões. A ARPU cresceu de US$ 16 para US$ 20, e o churn trimestral melhorou, passou a 3,65%, ante 3,74% um ano antes.

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Rafael Bucco

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