José Félix: ‘Dependendo do nível de concorrência, você estraçalha o setor’

Em debate no Painel Telebrasil 2024, presidente da Claro pontua os aspectos que, em sua visão, mais prejudicam a saúde da competitividade no setor de telecom.
José Felix, presidente da Claro, em debate no Painel Telebrasil 2024 | Foto: Reprodução
José Felix, presidente da Claro, em debate no Painel Telebrasil 2024 | Foto: Reprodução

O presidente da Claro, José Felix, compartilhou avaliações do mercado de telecom durante o Painel Telebrasil 2024, evento que reúne o setor de telecomunicações em Brasília, nesta terça-feira, 5. O executivo manifestou preocupação com os possíveis caminhos a serem tomados na competitividade, defendendo “cautela” por parte dos reguladores.

Felix destacou que o avanço da tecnologia exige um investimento contínuo, ao mesmo tempo em que o preço para os consumidores estaria estável há anos e o setor aguarda ajustes na carga de contribuições fiscais e setoriais, que opera com assimetrias em relação a entrantes. “É aí onde você tem que ter cuidado, […] principalmente quem faz as políticas”, direciona.

“O caso é: Qual é o ponto ideal para a concorrência?. A gente vê alguns países voltando atrás em algumas decisões, porque dependendo do nível de concorrência, você estraçalha o setor”, criticou.

Como referência, o presidente da Claro comentou a expectativa de parte dos provedores de entrarem no ramo de rede móvel em um processo semelhante ao que ocorreu na abertura do mercado para a prestação de banda larga fixa. “Vão acabar com o setor de telecom se fizerem isso”, disse.

A título de exemplo, Felix detalhou a margem de investimento no móvel. “O ARPU do pré-pago é de US$ 2. Falamos o tempo inteiro aqui de um investimento de bilhões de dólares [das operadoras] anualmente. Na hora que você pega essa margem e subtrai o investimento necessário, você vai ver que praticamente fica no zero a zero. Você paga a dívida, paga o capital do acionista, e fica ali no zero a zero”, disse.

Ele complementou fazendo uma comparação com outros serviços. “Hoje, com R$ 9.000 você faz serviço de telecom. Então, tem que ter cuidado. Porque o que a gente vê hoje pode ser que pareça bom, mas que pode daqui a alguns anos significar obsolescência de boa parte da rede do país”, explicou.

Por fim, Felix defendeu que a estratégia ideal deve ser a de implementar uma “plataforma moderna, eficiente e disponível, que gere empregos, e pague impostos razoáveis”.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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