IoT no setor de petróleo e gás: indústria encontra soluções mas tem obstáculo na escala

Em participação no congresso IoT e as Redes Privativas, especialistas compartilharam cases de sucesso e desafios na aplicação de soluções inteligentes.
Soluções IoT no setor de petróleo e gás fazem parte de estratégias da Petrobras (Crédito: Geraldo Falcão /Agência Petrobras)

As soluções de IoT no setor de petróleo e gás tem protagonizado investimentos, mas atores da área reconhecem pontos a serem aprimorados quanto à possibilidade de ampliar as aplicações em suas plantas industriais. O tema foi discutido em painel do congresso IoT e as Redes Privativas, realizado pelo Tele.Síntese nesta quinta-feira, 25.

“A gente tem um mundo de IoT debaixo do mar”, conta Diogo Lino Passos Machado, Gerente de Tecnologia da Informação e Telecomunicações da Petrobras para Logística, que acompanha o trabalho do centro de excelência de negócios em IoT na estatal. Durante o debate, ele destacou que o setor tem alto nível de sensoriamento e de projetos em tecnologia, que permitem aumento de segurança, redução de emissões e monitoramento de refinarias, mas também apontou os principais impasses.

“O grande desafio é dar escalabilidade a isso. Você precisa de fôlego, de integrar as pessoas, que é um papel nobre que o centro de excelência busca fazer. Queremos expandir um caso de sucesso fr determinada plataforma e estender aquilo para outras 30 plataformas, por exemplo”, explica o gerente.

O especialista destaca que o aprimoramento envolve a integração de diversas áreas como arquitetura, automação e engenharia de processos. “É colocar essa turma toda sintonizada em um propósito comum”, disse Machado.

Diogo Lino Passos Machado, Gerente de Tecnologia da Informação e Telecomunicações da Petrobras para Logística (Foto: Tele.Síntese)

A mesma dificuldade foi compartilhada pelo gerente Corporativo de Automação na Braskem, Daniel Morales, que destacou o aspecto cultural da indústria.

“Escalar é algo mais complexo, que realmente não passa por tecnologia, passa por novos processos de trabalho, por pessoas adquirindo novas competências e conhecimentos, por entender que as pessoas precisam colaborar mais, se integrar mais , sair dos nichos dos departamentos e começar a se ver como times integrados e multidisciplinares”, afirmou Morales.

Na Brasken, algumas ferramentas de inteligência são contratadas, mas também há aquelas produzidas dentro da empresa. “Temos acesso, mas [por vezes] a gente acaba desenvolvendo nossas próprias soluções. Seja pela solução de mercado não atender plenamente aos objetivos que a gente precisa e a gente necessita de um grau de customização, ou seja porque existe um ambiente muito propício à inovação na Brasken”, disse Morales.

Daniel Morales , gerente Corporativo de Automação na Braskem. (Foto: Tele.Síntese)

Monitorando do IoT no setor de petróleo e gás

No mesmo sentido, Cleber Hamada, Diretor de Projetos, Planejamento Estratégico e Inovação da Copa Energia falou de soluções que não estão na prateleira.

“Temos parcerias com hubs de inovação conectados ao nosso ecossistema e a gente lança para universidades e todo esse arcabouço, desenvolvendo soluções e trazendo para a gente fazer o teste. Então, rola um pit das startups para trazer a inovação e a gente implementa e gosta de trabalhar com projeto piloto”, contou Hamada.

O diretor de projetos deu exemplos de mudanças já implementadas a partir das aplicações na Copa. “Somos também uma empresa de logística. Através do IoT, conseguimos monitorar toda nossa frota, leve ou pesada e conseguimos fazer uma gestão melhor”, afirmou.

Cleber Hamada, Diretor de Projetos, Planejamento Estratégico e Inovação da Copa Energia (Foto: Tele.Síntese).

Hamada compartilhou experiências também na segurança do trabalho. “Temos na planta produtiva colaboradores que fazem atividades que têm um certo risco de periculosidade. Hoje a gente consegue automatizar essa fase e substituir por um robô e dando alternativa para esse colaborador poder se desenvolver em outras áreas ou até acompanhando a atividade do robô”, disse.

Produzindo soluções

Do lado de quem desenvolve soluções IoT no setor de petróleo e gás, Augusto Borella, diretor de Produto da Viasat/INTELIE, dividiu a atuação da empresa em dois eixos. Um deles é o de hardware.

“Tem um lado de hardware que é a redução de custo do legado, e desenvolver sensores que possam ser instalados sem parar a produção, ou instalados em uma planta já existente, pode ser uma forma de ajudar a acelerar a coleta dos dados, a convergência do mundo real para o mundo que está acontecendo na operação”, explica Borella.

O outro lado é o de software. “É onde temos dois grandes pilares. O primeiro pilar é o dado disponível em tempo real com qualidade e disponibilidade […] o segundo pilar é justamente como a gente maximiza o valor desse dado”.

Augusto Borella, diretor de Produto da Viasat (Foto: Tele.Síntese)

 

Avatar photo

Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

Artigos: 1124