Integração e análise de dados são provas de fogo para a Agricultura 4.0

As grandes corporações que estão suplantando os desafios da falta de conectividade enfrentam agora os obstáculos de conseguirem analisar a quantidade de dados que são gerados em suas áreas agrícolas, relataram seus gestores durante o AGROtic.

As grandes usinas de plantio de cana e de produção de açúcar e etanol que já  suplantaram o obstáculo da falta de conectividade, enfrentam agora novos desafios, provocados pelo volume de informações que passam a ser gerados pela digitalização da produção. Conseguir integrar os sistemas e fazer a análise dos dados produzidos  é  a busca de todo o administrador do agrobusiness.

A usina brasileira do conglomerado  Tereos, que produz açúcar e etanol, aumentou 60 toneladas a sua produção a partir do momento em que passou a utilizar ferramentas de big data em seus sistemas. ” A partir de 2018, começamos a colher dados de forma mais precisa. Passamos a contar com 160 tablets e oito formulários espalhados pelo campo transmitindo informações. Este ano, já estamos com 300 tablets fazendo 18 tipos de inspeções diferenciadas, gerando um grande lago de dados”, afirmou Marcos Scalabrin, gerente executivo de Inteligência Analítica da Tereos, no painel do Agrotic 2019, que está sendo realizado em Piracicaba.

Já o grupo São Martinho, que possui quatro usinas sucro-energéticas nos estados de São Paulo e Goiás, e que conta agora com uma rede 4G em suas próprias instalações, direciona a automação agrícola para duas vertentes – logística e gestão de ativos e agricultura de precisão-, conforme explicou Walter Maccheroni Jr, responsável pela Gestão de Inovação.

” Atualmente, o nosso maior desafio é fazer a integração dos dados gerados  com os demais sistemas da empresa, para conseguirmos extrair valor dessas informações”, assinalou Maccheroni. Ele observou que a integração e a utilização desses dados exige altos investimentos, mas o grupo tem conseguido superar os obstáculos.

Rois Nogueira, por sua vez, gerente de Implementação de Soluções Integradas para a América Latina da John Deere, aponta que a tendência da automação do campo é cada vez maior e, agora que as “coisas” passam a poder ser conectadas, os investimentos em conectividade começam a se tornar economicamente mais interessantes, visto que o modelo anterior somente áreas com grande ocupação populacional poderiam ser atendidas pelas redes de telecomunicações.

“A agricultura está baseada em commodities.  Controle de custos é também um imperativo de todas as tecnologias para auxílio à tomada de decisão”, afirmou o executivo.

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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