Instituto Campus Party reclama de “incoerência” do Ministério da Cultura

Evento não contou com incentivos oriundos da Lei Rouanet pela primeira vez desde que começou a ser realizado no Brasil
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Da esquerda para a direita, Francesco Farruggia, presidente do Instituto Campus Party, Tonico Novaes, diretor geral do evento no Brasil, e Paca Ragageles, fundador, durante coletiva de imprensa na abertura da nona edição da #CParty

O presidente do Instituto Campus Party, Francesco Farruggia, enviou carta aberta ao ministro da Cultura, Juca Ferreira, na qual reclama de “incoerência” por parte do ministério ao negar, para a edição de 2016 do evento, os incentivos previstos na Lei Rouanet.

Em coletiva de imprensa, Farruggia afirmou na manhã de hoje, 26, ter certeza de que Juca de Oliveira “não compartilha” da visão apresentada pelo ministério que levou o instituto a ser descredenciado para receber os benefícios. E reiterou que a carta é dirigida ao ministério, identificando problemas dos mecanismos para assinatura dos incentivos.

No documento, Farruggia ressalta que a Campus Party é um encontro representativo de protagonistas da cultura digital. “Pensar que cultura é só pintura e não o modding, que cultura é só o cinema e não os vídeos independentes, que os e-books não são literatura, é uma visão arcaica e limitada”, escreve.

Ele afirma que o Instituto seguirá pedindo a inserção como evento de cultura para organizar as próximas edições. “No Ministério da Cultura sabem que negar a lei de incentivo é, na prática, excluir as grandes empresas do Estado dos potenciais patrocinadores, já que elas estão obrigadas a participar, em primeira instância, por meio da Lei Rouanet. Negar esse incentivo em um momento de crise significa comprometer muitas iniciativas digitais”, afirma.

Na semana passada, os organizadores do evento anunciaram mudanças no patrocínio do evento. Depois de oito anos fornecendo a infraestrutura e dando o principal aporte financeiro, a Telefônica Brasil deixou de apoiar a iniciativa. O instituto contactou a Telebras, que então se comprometeu em fornecer a infraestrutura – links redundantes que totalizam 40 Gbps. Enquanto a TIM passou a ser uma das principais financiadoras, ao lado das empresas Visa e Wizard.

Para a edição deste ano, que acontece até 31 de janeiro no Anhembi, na capital paulista, a Campus Party espera receber 120 mil visitantes, dos quais, 8 mil campuseiros. Serão realizadas 700 horas de palestras. O evento será palco do lançamento da iniciativa Feel the Future, que reunirá sociólogos e tecnólogos de todo o mundo para pensar a sociedade daqui a mais ou menos 40 anos, quando, segundo Paco Regageles, fundador da Campus Party, já não haverá mais empregos e as máquinas farão tudo para as pessoas.

Os organizadores reiteraram ainda o que anteciparam ao Tele.Síntese, de que haverá mais uma edição do evento em Brasília. A Campus Party na capital do país acontecerá na segunda metade de 2017, em local ainda a ser definido. O evento se dedicará a trabalhar conceitos de governo eletrônico, transparência de dados públicos e dados dados abertos.

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Rafael Bucco

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