Ice Group pede mais tempo para dizer se ficará com a Nextel

Nextel teve prejuízo no 3º trimestre. Caso mudança de controlador não ocorra, terá caixa para operar por mais um ano. Balanço foi impactado por custos de revisão do acordo de RAN Sharing com a Vivo e desativação de torres.

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O Ice Group (antiga AINMT) pediu extensão de prazo para dizer se vai comprar mais 30% da Nextel. O grupo escandinavo comprou 30% da operadora em julho, por US$ 50 milhões. Comprometeu-se a pagar mais US$ 150 milhões por outros 30% até 15 de novembro. Mas condicionou a segunda aquisição à reestruturação da dívida da operadora com bancos brasileiros e chineses.

A Nextel conseguiu renegociar a dívida no Brasil, mas aguarda a aprovação de autoridades chinesas. Sem o aval, o Ice Group não pretende selar a compra. Os chineses têm até 31 de dezembro para dizer se autorizam, ou não, seus bancos a redefinirem os termos de empréstimos feitos à operadora. Neste impasse, a Nextel estuda se dará, ou não, mais prazo para o Ice Group exercer suas opções.

Resultados do 3º trimestre

O tempo corre para a Nextel. A operadora registrou mais um prejuízo no terceiro trimestre deste ano. A perda operacional foi de US$ 30,7 milhões, uma reversão frente o lucro registrado no mesmo período de 2016. A receita caiu 21,7% em relação a igual trimestre de 2016, para US$ 200 milhões (R$ 633,7 milhões).

Neste ano, a operadora queimou caixa e precisou de apoio do controlador, a NII Holdings, que aplicou US$ 173,4 milhões. Esses valores vieram da venda da Nextel México, ocorrida em 2015 – mas agora a conta secou. A NII avisa que não tem mais como socorrer a tele.

Caso os chineses não aprovem a repactuação da dívida e o Ice Group não conclua a tomada de controle, a Nextel terá capacidade de operar apenas até o terceiro trimestre de 2018. O endividamento total da companhia soma US$ 676 milhões.

“Baseados em uma economia fraca e um ambiente muito competitivo no Brasil, somado ao enceramento do serviço iDEN, prevemos que vamos continuar a ter fluxo de caixa negativo até o final de 2017”, afirma a companhia em seu balanço financeiro, publicado hoje, 9.

RAN Sharing encolhe

O balanço trimestral da Nextel foi impactado por uma revisão do acordo de compartilhamento de infraestruturas de rede móvel (RAN Sharing) que tem com a Vivo. A Nextel retirou 800 antenas do acordo. Em outra frente, desistiu do aluguel de 1,35 mil sites que estavam, afirma, subutilizados. Também teve de pagar indenização a executivos que deixaram a empresa. Tudo isso custou US$ 39 milhões no trimestre.

A operadora encerrou setembro com 449,7 mil usuários de rádio iDEN e 2,84 milhões de clientes 3G. Ao todo, perdeu 132,6 mil assinantes em relação ao segundo trimestre. O churn aumentou de 3,99% em 2016, para 4,47% agora. A receita média por usuário também piorou. A ARPU por usuário 3G caiu de R$ 69 para R$ 61, e do iDEN, de R$ 60 para R$ 47.

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Rafael Bucco

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