Governo eleva o tom contra a Oi porque vê pouco progresso nas negociações com credores

Governo está começando a ficar impaciente com o fato de a companhia não estar avançando nas negociações com os credores. Seus controladores afirmam que as ofertas já teriam sido aceitas por quase todos os que têm a dívida da Oi, mas o governo fala que não é bem assim. E mesmo que o problema seja só com os bondholders, "a fatia é absolutamente relevante", assinala a fonte, ao lembra que não dá para descartar nenhum credor , nem mesmo a Anatel, que precisa também ter a sua dívida equacionada.

 

Designed by Onlyyouqj / FreepikO governo elevou o tom contra a Oi (hoje, duas notícias  nos jornais paulistas dão como próximas a intervenção ou cassação de licenças da operadora) porque vê poucos progressos nas negociações com os credores, informam fontes do Executivo.  Tanto é assim que, em uma postura inédita, o preposto da Anatel na operadora, na última reunião do conselho da Oi, leu uma dura carta, da agência, que dizia: ” a bem da continuidade do serviço público, caso necessário, a anatel adotará as medidas legais e regulamentares cabíveis, independentemente de sua natureza ou extensão”.

Embora fontes da empresa afirmem que quase todos os credores já aceitaram a nova proposta – faltando apenas os bondholders – o governo já acendeu o sinal amarelo.

“O prazo concedido pela justiça para uma solução está chegando, e a Oi continua a caminhar de lado”, afirma essa fonte. Mesmo que esse prazo seja prorrogável por mais um período – o que deverá acontecer, na avaliação de todos – para o Poder Executivo, os últimos nove meses foram quase todos desperdiçados.

“Se uma das razões para a intervenção da Anatel seria a questão operacional, que não está apresentado problemas, a demora para o fechamento de um acordo – já se passaram nove meses – começa a surgir como a razão mais importante”, afirma esse interlocutor.

Mas isso não quer dizer, salienta outra fonte, que o Poder Executivo já tenha  os instrumentos legais necessários para que essa intervenção ocorra. “Sem a proteção legal, não dá para fazer”, afirma dirigente da agência.

Isso significa, explica, que não dá apenas para intervir na concessionária de telefonia fixa, terá que ser em toda a empresa, e, sem a Medida Provisória, publicada isso não é possível. “Ainda não é o  momento para isso, mas com a proteção legal, e se a Anatel considerar necessária a intervenção, ela não vai perguntar ao governo,  pois a competência legal é dela”, explica a fonte da agência.

A carta à direção da Oi,assinada por todos os conselheiros da agência, foi formulada para dar um “efeito de persuasão, para que a Oi resolva seus problemas”.

O que muda

Se houver intervenção do Estado na empresa, o que se pretende, explica essa fonte, é “não permitir que decisões e iniciativas que são necessárias  deixem de ser tomadas; ou permitir que coisas extraordinárias ou fora da normalidade sejam praticadas”.

 

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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