Governo desiste de privatizar os Correios
O governo Michel Temer já não trabalha mais com a hipótese de privatizar os Correios, como aventavam em 2017 o ministro Gilberto Kassab e o presidente da estatal, Guilherme Campos. Em maio do ano passado, ambos diziam que, diante do alto endividamento e da perda de receita para serviços inovadores, uma saída estudada era vender a empresa para a iniciativa privada.
Agora, o discurso mudou, embora a estatal continue com as contas no vermelho. “Quanto ao futuro dos Correios, se será privatizado ou não, essa discussão não existe na presente gestão. Na presente gestão, estamos recuperando os Correios”, disse Kassab, depois de participar do programa Por Dentro do Governo, da TV NBR, emissora da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
De acordo com relatório do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU), divulgado em dezembro, em apenas cinco anos, de 2011 a 2016, o patrimônio líquido dos Correios, ou seja, a diferença entre os ativos e o passivo, encolheu 92,63%. Além da perda patrimonial, os resultados apontam a deterioração da capacidade de os Correios saldarem dívidas no longo prazo; aumento do endividamento da empresa e sua maior dependência de capitais de terceiros.
O resultado da avaliação do CGU enfatiza que, com prejuízos crescentes a partir de 2013, a empresa vem se revelando menos rentável. E que, além do “aumento exponencial” das despesas diretas, a sustentabilidade da empresa foi impactada pela “transferência elevada de recursos para a União, o que ocasionou” redução significativa na capacidade de investimentos na empresa no curto prazo”.
Prejuízos seguidos
O ministro afirmou que a situação melhorou um pouco. Em vez de prejuízo da ordem de R$ 2 bilhões, como os registrados em 2015 e 2016, 2017 deve terminar com perda de R$ 1 bilhão na estatal. “A operação negativa está em R$ 1 bilhão, mas estamos em ajustes, como a venda de imóveis e o ajuste do plano de saúde, o que nos permitirá chegar ao equilíbrio do Correios”, disse.
Kassab ainda considera possível, no entanto, uma privatização pelas próximas gestões. “É natural que, com o passar do tempo, foram mudando o seu objetivo. Há alguns séculos, eles entregavam cartas, hoje ainda entregam muitas cartas, ainda é a principal fonte de receita dos Correios, mas cada vez mais temos outras atividades importantes, como por exemplo, a logística”, disse. Os Correios assinaram acordo recentemente para abrir uma joint venture na área de logística com a com a empresa aérea Azul. (Com Agência Brasil)