Governo da Itália terá poder de veto na NetCo do Grupo TIM
O governo da Itália deverá ter poder de veto em questões estratégicas envolvendo a NetCo, unidade de rede fixa do Grupo TIM (antiga Telecom Italia), quando o ativo passar para o controle da KKR. A prerrogativa faz parte de um acordo do Tesouro italiano com o fundo norte-americano, segundo informações publicadas pela Reuters, nesta sexta-feira, 26.
Em linha gerais, o governo poderá nomear o presidente da empresa recém-criada pela KKR para gerenciar o ativo, a Optics HoldCo. O executivo, entre outras atribuições, poderá vetar operações como fusões e aquisições envolvendo a empresa.
Em novembro do ano passado, o Grupo TIM aceitou uma proposta de 19 bilhões de euros (aproximadamente R$ 101,4 bilhões) – que pode subir para 22 bilhões de euros (R$ 117,4 bilhões) até a conclusão do negócio – apresentada pela KKR pela unidade de rede fixa.
Por se tratar de um ativo crítico, o Estado italiano poderia vetar a transação utilizando o chamado “golden power”, mas não o fez. Ao contrário, espera-se que o governo, em um acordo direto com a KKR, fique com uma participação de 15% a 20% na da empresa. O Tesouro deverá desembolsar até 2,2 bilhões de euros nesse processo.
Como parte do acordo, o governo italiano também poderá intervir caso a KKR negocie a venda de parte das ações da Optics HoldCo a investidores indesejados, como forma de manter um certo nível de controle a respeito de quem gerenciará a infraestrutura de telecomunicações.
Segundo a agência de notícias, a KKR terá o direito de nomear a maior parte dos membros do conselho da administradora. A mesa fica com a responsabilidade de instituir o CEO, após consultar os acionistas.
Além do Tesouro italiano, a KKR tem acordos de participação na NetCo com a Canada Pension Plan Investments (CPP) e o fundo soberano de Abu Dhabi (ADIA). Há poucos dias, o fundo italiano F2i anunciou que levantou 1 bilhão de euros (R$ 5,43 bilhões) para adquirir uma participação de até 10% no ativo de infraestrutura.
Até o fim deste mês, o conselho de administração do Grupo TIM deve decidir sobre a venda da Sparkle, braço de atacado que inclui uma rede de cabos submarinos de mais de 600 mil km, para a KKR.