Fintech pioneira, a Contamobi cresce de olho no microempreendedor
O Tele.Síntese está publicando semanalmente duas reportagens sobre as tendências e inovações em telecomunicações. O conteúdo completo está no Anuário Tele.Síntese de Inovação 2017, que além de apontar os rumos do setor, elegeu os serviços mais inovadores do último ano. Aqui, veja porque a ContaMobi recebeu o prêmio de serviço mais inovador na categoria Fornecedores de Software e Serviços.
Serviço bancário online e gratuito
Por Roberta Prescott
Ricardo Capucio Borges era sócio de um escritório de advocacia especializado em direito de tecnologia quando percebeu que existia uma significativa demanda de mercado para serviços de banco digital por meio do celular. Em 2013 – mesmo ano da nova regulamentação do Banco Central para meios de pagamento, com principal foco nos serviços móveis –, ele vendeu sua participação na sociedade e aceitou um convite para fazer parte de um projeto de plataforma de pagamento móvel. Ali começou a ser idealizada a conta.Mobi, empresa que provê o serviço de conta digital gratuita voltada a microempreendedores individuais (MEIs).
Entre a saída do escritório e a abertura da nova empresa, que começou a funcionar, efetivamente, em fevereiro de 2015, o executivo passou uma temporada estudando os processos de criação de negócios de grande escala na Universidade Stanford, nos Estados Unidos. A formação foi necessária, uma vez que a conta.Mobi foi idealizada com uma meta ambiciosa: atingir um milhão de clientes, até o final de 2018. Atualmente, a carteira contabiliza 30 mil clientes. Mas há muito mercado a explorar. “No Brasil, temos 7 milhões de microempreendedores formalizados que transacionam R$ 320 bilhões por ano. Porém, esse é um mercado que poderia ser maior, pois existem entre 20 milhões a 25 milhões de empreendedores que atuam como pessoa física e têm intenção de tirar CNPJ”, justifica Borges (foto), CEO da empresa.
A solução, com desenvolvimento 100% nacional, é simples, rápida de implantar e não requer procedimentos burocráticos. O empreendedor pode ter sua conta digital – que é integrada a um software contábil gratuito – simplesmente baixando um aplicativo. O sistema funciona via web ou no celular, adquirido pelas lojas dos sistemas operacionais Android e iOS. Não há cobrança de download nem pagamento de mensalidade. Também não é necessário comprovação de renda, ou consulta aos sistemas de crédito, como SPC e Serasa. “O app tem uma lógica similar à de uma conta-corrente acessada por internet banking. A diferença para as contas tradicionais é que nesta não há crédito, saque ou aplicação”, ressalta Borges.
O usuário não precisa sequer ser cliente de algum banco para ter a conta digital. Em versão para pessoa jurídica, a conta digital permite ao microempreendedor individual controlar suas entradas e saídas de dinheiro, efetuar pagamentos online, receber por meio de boletos, fazer transferências entre cartões e contas bancárias, automatizar os sistemas de recebimento. A solução oferece máquina para pagamento com cartões de crédito e dé- bito, sem cobrar mensalidades. O usuário também tem direito à consultoria de uma rede credenciada de contadores pela Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis (Fenacon). O app permite até contratar serviços e classificar a qualidade do atendimento contábil. Todas essas ferramentas são integradas em um único ambiente.
A conta.Mobi opera com a bandeira Visa, agente financeiro responsável por processar os pagamentos. O MEI pode solicitar o cartão de débito Visa internacional para usar no dia a dia, fazendo compras e efetuando saques. De acordo com Borges, a solução até substitui o banco em alguns aspectos, por exemplo, oferecendo funcionalidades práticas para o modelo de cartões pré-pagos.
Um dos valores agregados da ferramenta é a possibilidade oferecida aos MEIs de se profissionalizarem e de organizarem suas finanças empresariais. Com a conta de pessoa jurídica, o MEI pode separar as receitas e as despesas da empresa de sua conta pessoa física – o aplicativo também oferece a conta digital de pessoa física.
Segundo Borges, cerca de 80% dos empreendedores autônomos enfrentam dificuldades já na abertura de uma conta bancária, principalmente em pessoa jurídica (com CNPJ), devido às exigências de documentos, burocracias e custos incompatíveis com seus faturamentos. A proposta da conta. Mobi é justamente facilitar a inserção desses empreendedores no sistema financeiro, proporcionando a eles uma alternativa acessível e prática para a gestão dos seus negócios. As tarifas cobradas por meio das quais a empresa se remunera são inferiores à média do mercado, segundo Borges.
Desde que foi concebida, a fintech (empresa de base tecnológica voltada ao mercado financeiro) já recebeu quatro rodadas de investimentos – cujos valores Borges não revela. “A taxa média de crescimento ao mês, sem agressividade de plano de marketing, está em 30%”, diz o empresário.
Atualmente, a equipe de desenvolvedores está estudando possibilidades de evolução da ferramenta. Como, por exemplo, a adoção da tecnologia de blockchain, conceito que visa a descentralização como medida de segurança. E a plataforma será expandida, no próximo semestre, para incluir um serviço que permitirá um novo gateway de pagamento. “Estamos também abrindo a nossa solução para distribuidores que queiram levar o aplicativo para outras cidades. O interior tem carência de soluções de pagamento simples como a nossa”, adianta Borges. Segundo ele, no próximo semestre algumas distribuidoras já vão comercializar a solução em pequenas cidades, por meio de parcerias.